Cerca de 1.500 colombianos presos no Equador serão repatriados, anunciou nesta quinta-feira (11) o presidente Daniel Noboa, que, com apoio dos militares, busca recuperar o controle de penitenciárias dominadas pelas organizações criminosas que semeiam terror no país.
A Colômbia rejeita essa medida unilateral e afirma que, de fato, esses repatriados ficariam em liberdade.
Cerca de 20 organizações usam as prisões como escritórios do crime, de onde gerenciam o tráfico de drogas e dirigem uma das piores investidas contra o Estado, que, ao longo de quatro dias, já deixou 16 mortos e 178 guardas e funcionários do sistema penitenciário mantidos como reféns pelos detentos.
Segundo Noboa, a decisão responde à superlotação nas prisões que têm um excedente de cerca de 3.000 pessoas, mas a medida caiu mal para o governo de Colômbia.
"Por isso estamos retirando 1.500 colombianos e também precisamos construir prisões de máxima e de super máxima segurança", afirmou o presidente do Equador em entrevista à rádio FM Mundo.
Em um comunicado, a Colômbia rechaçou a repatriação "em massa" e afirmou que se deve "analisar caso a caso" e "contar com o consentimento da pessoa privada de liberdade".
Mas Noboa, que está no poder desde novembro, garante que tem o respaldo da lei.
"Devemos deixá-los na fronteira e há acordos internacionais que dão sustentação, e devemos tomar uma decisão urgente", afirmou o jovem presidente de 36 anos.
Com Bogotá, "já tivemos conversas por várias semanas, temos o amparo de nossa lei e também de acordos internacionais", insistiu.
Para o governo colombiano, Noboa planeja uma "expulsão", o que "constituiria uma decisão unilateral do Estado equatoriano que deixaria sem efeito as decisões judiciais de seus órgãos de Justiça na Colômbia". Ou seja, os presos estariam livres do outro lado da fronteira.
O Equador conta com 36 prisões com capacidade para quase 30.200 pessoas.
Um censo penitenciário de 2022 estabeleceu que havia 31.300 presos, dos quais 3.200 eram estrangeiros.
Organizações criminosas vinculadas a cartéis de Colômbia e México transformaram as prisões em campos de batalha, onde se enfrentam pelos lucros do narcotráfico em confrontos que deixam mais de 460 detentos mortos desde 2021.
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