Os Estados Unidos lançaram neste sábado (13) um novo ataque contra os rebeldes huthis do Iêmen, disse o Comando Central de suas Forças Armadas, um dia depois de vários bombardeios contra o grupo acusado de ameaçar o tráfego marítimo no Mar Vermelho.
"As forças americanas lançaram um ataque contra um radar dos huthis no Iêmen" por volta das 3h45 locais de sábado (21h45 de sexta-feira em Brasília), de acordo com um comunicado do Comando Central.
Veículos de comunicação dos huthis já haviam anunciado que o ataque atingiu a base aérea de Al Dailami na capital do país, Sanaa, controlada desde 2014 por esse grupo rebelde apoiado pelo Irã.
Esses bombardeios contra o Iêmen aumentaram os temores de uma conflagração regional da guerra entre Israel e o movimento islamista Hamas na Faixa de Gaza.
Estados Unidos, Reino Unido e oito aliados disseram que a operação de sexta-feira tinha como objetivo "desescalar as tensões" e "restaurar a estabilidade no Mar Vermelho", após os inúmeros ataques dos huthis nessas águas.
Os huthis prometeram continuar suas ações nessa importante rota comercial marítima e alertaram que "todos os interesses americanos e britânicos se tornaram alvos legítimos".
Estes rebeldes controlam parte do Iêmen desde o início de uma guerra civil em 2014 e fazem parte do autoproclamado "eixo de resistência", que inclui o Hamas, o Hezbollah libanês e outros grupos armados hostis a Israel e apoiados pelo Irã.
A atividade desses movimentos no Iêmen, no Líbano, na Síria e no Iraque aumentou desde a eclosão da guerra em Gaza no início de outubro de 2023.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, pediu a todas as partes para "não agravarem" a situação volátil na região, disse seu porta-voz.
O Conselho de Segurança da ONU se reuniu de emergência na sexta-feira para abordar os bombardeios dos países ocidentais, dias depois de adotar uma resolução exigindo que os huthis parem de atacar navios no Mar Vermelho.
O embaixador russo na ONU, Vasili Nebenzia, denunciou uma "descarada agressão armada" dos Estados Unidos contra a população inteira desse país no extremo-sudoeste da Península Arábica.
- Ataques no Mar Vermelho -
Há semanas, o grupo rebelde ataca os navios supostamente ligados a Israel que atravessam o Mar Vermelho, no que considera como atos de "solidariedade" aos palestinos em Gaza. Por ali, circulam 12% do comércio mundial.
O ataque dos Estados Unidos e de seus aliados na sexta-feira atingiu quase 30 locais e utilizou mais de 150 projéteis, informou o general americano Douglas Sims.
De acordo com a rede de televisão huthi Al Marisah, tiveram como alvo uma base aérea, aeroportos e um acampamento militar. Um porta-voz militar huthi disse que pelo menos cinco pessoas morreram.
O presidente americano, Joe Biden, disse "não acreditar" que a ação tenha causado vítimas civis e advertiu que "não hesitará" em ordenar mais ações militares, se necessário.
Segundo Biden, a operação foi uma "ação defensiva" bem-sucedida, após os ataques "sem precedentes" no Mar Vermelho.
O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, afirmou que a violação do direito internacional pelos huthis merecia um "sinal forte" em resposta.
Já o porta-voz do Ministério iraniano das Relações Exteriores, Naser Kanani, estimou que os ataques ocidentais vão alimentar "a insegurança e a instabilidade na região" e "desviarão" a atenção de Gaza.
- Custo econômico -
Desde 19 de novembro, os huthis lançaram 27 ataques perto do Estreito de Bab al-Mandeb, que separa a Península Arábica da África, segundo o Exército americano.
Essa instabilidade tem levado várias companhias marítimas a desviarem os navios que transitam entre Ásia e Europa para contornar o continente africano, o que aumenta o tempo e o custo do transporte. Desde meados de novembro, o número de porta-contêineres que atravessam o Mar Vermelho despencou 70%, segundo especialistas em transporte marítimo.
Em Sanaa, centenas de milhares de pessoas, algumas brandindo rifles Kalashnikov, reuniram-se em um protesto onde agitaram bandeiras iemenitas e palestinas e ergueram retratos do líder huthi, Abdulmalik al-Huthi, observou um jornalista da AFP.
"Morte aos Estados Unidos, morte a Israel", gritavam.
Em Teerã, centenas de pessoas foram às ruas contra Estados Unidos, Reino Unido e Israel, queimando bandeiras dos três países, e manifestaram seu apoio a Gaza e ao Iêmen.
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