Ao menos dois civis israelenses, mãe e filho, morreram neste domingo (14) no norte de Israel, em uma área próxima à fronteira com o Líbano, após um ataque com mísseis antitanque reivindicado pelo grupo islâmico Hezbollah atingir sua casa na região agrícola.
Mira Ayalon, 76, ficou gravemente ferida e faleceu no hospital, segundo os serviços médicos. Já seu filho, Barak Ayalon, de cerca de 40 anos, foi identificado morto ainda no local. O marido de Mira e pai de Barak ficou levemente ferido e recebe tratamento médico.
Horas antes, neste sábado (13), Tel Aviv afirmou ter matado ao menos quatro homens que classificou de terroristas por terem se infiltrado no país por meio da fronteira com o Líbano. Israel não afirmou que os homens pertenciam ao Hezbollah, e tampouco o movimento libanês reivindicou serem suas as vítimas do episódio.
O confronto ocorreu na região agrícola de Shebaa Farms, na tríplice fronteira formada entre Israel, Líbano e Síria, uma área territorial em disputa que Tel Aviv chama de setor de Har Dov.
Balanço da agência AFP aponta que ao menos 190 pessoas morreram na região da fronteira nos últimos três meses --portanto, desde o início da guerra contra o Hamas, grupo palestino apoiado pelo Hezbollah. Das vítimas, 141 seriam combatentes do grupo libanês. O Exército de Israel reportou 13 mortes de israelenses até aqui, sendo nove soldados.
Os desdobramentos do fim de semana são um lembrete do temor de espraiamento da guerra que ocorre na Faixa de Gaza entre Israel e o palestino Hamas e que neste domingo completa cem dias. Desde que o conflito teve início, cresceram também os ataques mútuos na fronteira norte de Israel, com o Líbano, contra o Hezbollah.
O grupo libanês, que por vezes assume função de Estado em um país em grave crise social e econômica, é aliado da facção palestina Hamas e recebe apoio logístico e militar do regime xiita que controla o Irã.
'Estado dentro do Estado', Hezbollah tem rede de serviços no Líbano Neste domingo uma das lideranças do grupo islâmico afirmou, em mensagem dirigida ao governo dos Estados Unidos, que a situação com o Líbano e a crise no mar Vermelho (essa envolvendo os rebeldes houthis do Iêmen) só vão terminar quando tiver fim a guerra em Gaza.
O Ministério da Saúde palestino atualizou o número de vítimas em Gaza. Morreram cerca de 24 mil pessoas na faixa de terra palestina adjacente a Israel desde o último 7 de outubro e outras 60,5 mil ficaram feridas. Devido à demografia de Gaza, majoritariamente jovem, a maioria das vítimas é de mulheres e menores de idade.
No centro de Tel Aviv, centenas de pessoas voltaram a se reunir para pedir a libertação dos civis que ainda são feitos reféns pelo Hamas. Elas seguravam cartazes com as fotos e os nomes de amigos e parentes.
Também na capital, um outro ato marcou o 100º dia do conflito. Durante a madrugada, pessoas dançaram ao som da música eletrônica do DJ Artifex. Ele foi o último a se apresentar no festival de música que ocorria em uma região próxima a Gaza e foi atacado por homens do Hamas que cometeram um massacre no espaço em no 7 de Outubro.
Do ponto de vista político, a sinalização foi de que não há prazo para o atual conflito terminar. Falando no Parlamento, em Jerusalém, onde debatia a aprovação de uma emenda ao orçamento de 2024 para ampliar a verba disponível para as atividades da guerra, o premiê Binyamin Netanyahu, cabeça de uma coalizão ultradireitista, disse que a guerra "levará muitos meses mais".
"Incluímos no novo orçamento despesas de segurança muito maiores do que pretendíamos", afirmou Bibi, como o político é conhecido, segundo relatos do jornal local The Times of Israel.