O presidente Emmanuel Macron defendeu, nesta terça-feira (16), a "autoridade" e a "ordem" para impulsionar seu mandato na França, com medidas como a introdução de uniformes escolares, e combater uma extrema direita forte nas pesquisas.

Por mais de duas horas, o mandatário de 46 anos apresentou durante uma coletiva de imprensa seus planos, dias após nomear um novo primeiro-ministro, o jovem Gabriel Attal, e um novo governo, que tomou uma direção mais à direita.

Uniformes escolares, regulamentação do uso de dispositivos móveis por jovens, operações de combate ao tráfico de drogas e medidas para incentivar a natalidade foram alguns de seus múltiplos anúncios.

"Estou convencido de que temos tudo o que é necessário para ter sucesso", de que "não terminamos nossa história de progresso e que nossos filhos viverão amanhã melhor do que nós hoje", afirmou.

Macron foi reeleito em 2022 para um segundo e último mandato consecutivo até 2027, mas a primeira parte de seu mandato foi marcada por crises políticas relacionadas às suas reformas na previdência e na imigração.

A coletiva de imprensa desta terça-feira no Salão de Festas do Palácio do Eliseu, sede da presidência, buscava impulsionar com um novo rumo o mandato de um presidente que não possui maioria absoluta no Parlamento.

No entanto, a oposição de esquerda criticou um discurso "reacionário", nas palavras da ecologista Marine Tondelier, e a direita lamentou um "exercício de autoelogio", segundo seu líder Éric Ciotti.

"Eu me coloco no lugar dos franceses, que devem se perguntar: afinal, amanhã de manhã, quando eu for trabalhar, o que vai mudar na minha vida cotidiana?", questionou o líder da extrema direita Jordan Bardella.

- 'Ordem e progresso' -

Macron, eleito em 2017 com a promessa de superar a divisão entre direita e esquerda, confirmou sua guinada à direita ao adotar algumas de suas demandas tradicionais, principalmente na Educação.

Nesse sentido, prometeu que cem escolas experimentarão o uso de uniformes este ano e que isso poderá ser generalizado a partir de 2026.

Ele defendeu a reforma da "instrução cívica", que alunos do ensino fundamental cantem o hino nacional, "A Marselhesa", que cerimônias de entrega de diplomas no ensino médio ocorram e que aulas de teatro sejam obrigatórias.

O polêmico Serviço Nacional Universal (SNU), um programa voluntário destinado a jovens do ensino médio que busca promover o serviço à nação com atividades de coesão e interesse geral, será generalizado.

"Eu não acho que o simbólico esteja ultrapassado. O que nosso país precisa é de ordem e progresso (...) Precisamos dar pontos de referência", opinou.

O presidente também apoiou sua nova ministra da Educação, Amélie Oudéa-Castéra, que indignou os professores ao criticar a escola pública para justificar a escolarização de seus filhos na privada.

- Plano contra infertilidade -

Macron iniciou sua intervenção anunciando que deseja regular o uso de "telas" (celulares, dispositivos móveis, etc.) por menores em "casa" e na "escola", e não descartou "proibições" ou "restrições".

O governo francês também apresentará uma nova licença parental de seis meses e um "grande plano" de combate à "praga" da infertilidade.

"A França também será mais forte se aumentar sua taxa de natalidade", assegurou, horas depois de ser divulgado que a segunda maior economia da União Europeia (UE) registrou em 2023 o nível mais baixo de nascimentos desde 1946.

Comprometendo-se a combater a imigração irregular e o islamismo radical, Macron também defendeu suas polêmicas leis nos temas favoritos da extrema direita, para "evitar seu retorno" na França e na Europa.

O partido Agrupamento Nacional (RN) da ultradireitista Marine Le Pen lidera as pesquisas na França para as eleições do Parlamento Europeu de junho, cerca de dez pontos à frente do partido no poder.

"O RN, como toda a extrema direita na Europa, é o partido do empobrecimento coletivo, da mentira", da "ira fácil", denunciou Macron, que se disse "infeliz" por vê-lo liderar as pesquisas.

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