Os ministros das Relações Exteriores da Venezuela e da Guiana se reunirão na quinta-feira (25) em Brasília, em meio a novas tensões em torno da controvérsia sobre o território de Essequibo, rico em petróleo, informou o Itamaraty.

O encontro de alto nível ocorre semanas após as tensões entre os dois países vizinhos se intensificarem quando um navio de guerra britânico chegou à Guiana, e Caracas respondeu com exercícios militares.

"O Governo brasileiro valoriza o compromisso da Guiana e da Venezuela com o processo de diálogo ora em curso, facilitado por atores e mecanismos regionais. Ressalta ainda o espírito de integração que move os países da América Latina e do Caribe com vistas a consolidar a região como uma zona de paz, cooperação e solidariedade", disse o Itamaraty em um comunicado ao anunciar o encontro.

Uma fonte do Itamaraty havia anunciado uma reunião sobre o Essequibo entre o ministro das Relações Exteriores venezuelano, Yván Gil, e seu homólogo da Guiana, Hugh Hilton Todd, disse uma fonte do Itamaraty à AFP.

Ao encontro, no Palácio do Itamaraty em Brasília, comparecerá Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tentou mediar entre Caracas e Georgetown para evitar um eventual conflito na região.

Também estarão presentes os governos de São Vicente e Granadinas, que preside temporariamente a Comunidade de Estados Latino-americanos e do Caribe (Celac), e de Dominica, à frente da Comunidade do Caribe (Caricom), assim como representantes do secretário-geral da ONU.

O Brasil, que compartilha quase 800 quilômetros de fronteira com o Essequibo, mobilizou militares na região, e um alto assessor de Lula participou de uma reunião entre o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e seu homólogo da Guiana, Irfaan Ali, em 14 de dezembro em São Vicente e Granadinas.

Com um aperto de mãos entre os líderes, os dois países encerraram a reunião concordando em não usar a força na controvérsia, embora não tenham aproximado suas posições opostas sobre a disputa territorial.

A Venezuela reivindica a soberania do Essequibo, um território de 160.000 km² administrado pela Guiana, onde grandes depósitos de petróleo foram descobertos em 2015 e, no último trimestre do ano passado, Georgetown concedeu licenças para exploração de petróleo.

A frágil trégua foi quebrada com a chegada às costas da Guiana, nos últimos dias de dezembro, de um navio de guerra do Reino Unido, antigo poder colonial no pequeno país sul-americano.

Em resposta, Maduro ordenou exercícios militares com mais de 5.600 membros das forças armadas venezuelanas.

O Brasil expressou na época "sua preocupação" e pediu "respeito" aos compromissos de Maduro e Ali de abordar pacificamente a questão.

As tensões continuaram depois que Ali falou sobre "segurança regional" durante uma reunião em 9 de janeiro com o subsecretário adjunto de Defesa dos Estados Unidos para o Hemisfério Ocidental, Daniel Erikson, em Georgetown.

Sem mencionar explicitamente a visita de Erikson à Guiana, Maduro acusou, um dia antes, seus vizinhos de agirem "sob as ordens dos gringos".

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