O jornal norte-americano Los Angeles Times anunciou, nesta terça-feira (23), a eliminação de pelo menos 115 postos de trabalho, o que representa mais de um quinto de sua redação.

Os cortes vêm em meio a uma hemorragia financeira para o jornal, em um setor que continua lutando contra o impacto que a Internet causou em seu modelo de negócios.

"A decisão de hoje é dolorosa para todos, mas é imperativo que atuemos urgentemente e que tomemos medidas para construir um jornal sustentável e bem-sucedido para a próxima geração", disse o proprietário Patrick Soon-Shiong, citado pelo jornal.

Jornalistas sindicalizados protestaram na semana passada quando souberam que os diretores estavam considerando cortes drásticos.

Soon-Shiong disse que o abandono temporário dos postos de trabalho em protesto "não ajudou" e expressou decepção de que o sindicato não tenha colaborado com os administradores para buscar maneiras de salvar empregos.

De qualquer forma, os cortes desta terça-feira pareciam iminentes.

"O L.A. Times nos demitiu virtualmente pelo Zoom [em reuniões] com o recursos humanos, no qual o chat estava desativado, e não havia direito a perguntas", escreveu no Twitter o editor de notícias Jared Servantez.

"A ceifada no jornalismo chegou à minha porta e o que antes era um sonho agora é um pesadelo", escreveu a repórter Queenie Wong.

O sindicato do Los Angeles Times, que representa a maioria dos jornalistas que trabalham no veículo, criticou em um comunicado os cortes, que são devastadores "para nossos membros e suas famílias, para nossa moral, para a qualidade do jornalismo, para a relação com nossa audiência, e para as comunidades que dependem de nosso trabalho."

Jornalistas de várias seções foram afetados pelos cortes, incluindo alguns que trabalham na Casa Branca em um ano de eleição presidencial.

Os cortes se somam aos 70 empregos que foram eliminados em junho.

O L.A. Times também sofreu a saída abrupta de seu editor-executivo, Kevin Merida, uma figura respeitada da indústria que chegou em 2021 com a missão de trazer estabilidade em meio à crise do jornal.

O jornal, assim como muitos meios de comunicação tradicionais, tem lutado para se adaptar às mudanças da era da Internet que derrubaram as receitas publicitárias e o número de assinantes.

Acredita-se que o bilionário Patrick Soon-Shiong, que comprou o jornal há seis anos, subsidia a operação a um custo entre 30 e 40 milhões de dólares (R$ 149 e 198 milhões) por ano.

Antes um dos gigantes da imprensa dos Estados Unidos, com correspondentes dentro e fora do país, o Los Angeles Times perdeu alcance após anos de cortes.

Críticos afirmam que, embora ainda se descreva como um jornal nacional sob a perspectiva da costa oeste do país, agora é percebido como muito mais paroquial.

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