O papa Francisco defendeu nesta sexta-feira (26) a recente autorização da bênção aos casais homossexuais, afirmando que trata-se de uma benção às "pessoas" e não à "união".
Em um documento publicado em dezembro, o Vaticano autorizou a bênção aos casais "em situação irregular" aos olhos da Igreja Católica, incluindo as pessoas do mesmo sexo, mas fora dos rituais litúrgicos.
Esta medida provocou o repúdio de alguns prelados conservadores, principalmente na África, onde a homossexualidade ainda é ilegal em vários países.
"Estas bençãos, fora de qualquer contexto e forma litúrgica, não exigem a perfeição moral para serem recebidas", afirmou nesta sexta-feira Francisco em um discurso ante os membros do Dicastério para a Doutrina da Fé.
"Quando um casal se aproxima espontaneamente para pedi-la, não se benze a união, mas simplesmente as pessoas que juntas a pediram", esclareceu.
Os críticos lamentam sobretudo a "confusão" provocada pelo documento, já que a Igreja continua considerando a homossexualidade como um pecado.
"Não à união, mas às pessoas", enfatizou o papa argentino, que destacou ainda a importância de considerar "o contexto, as sensibilidades, os lugares onde vivem e as formas adequadas de fazê-lo".
Em janeiro, em uma entrevista televisionada, Francisco defendeu seu texto afirmando que "o Senhor abençoou a todo mundo".
No mesmo mês, o prefeito (autoridade máxima) do Dicastério, o cardeal argentino Víctor Manuel Fernández, tentou acalmar a polêmica destacando que é necessário considerar "a delicada situação de alguns países".
Mas a revolta contagiou o mais alto escalão da Igreja: o cardeal da Guiné Robert Sarah, figura influente no campo conservador, denunciou uma "heresia", enquanto o cardeal chinês Joseph Zen, de 92 anos, pediu a saída do monsenhor Fernández.
Desde sua eleição em 2013, o papa Francisco tem insistido na importância de abrir a Igreja e, em particular, aos fiéis LGBTIA+, mas seus esforços enfrentam uma forte resistência.
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