A ex-diretora do serviço secreto espanhol Paz Esteban prestou depoimento, nesta sexta-feira (26), a um juiz que a investiga por espionagem contra o presidente regional catalão, Pere Aragonès, com o programa israelense Pegasus, após o Governo espanhol desclassificar documentos relacionados ao caso.
A ex-dirigente do Centro Nacional de Inteligência (CNI) prestou depoimento por videoconferência, em Madri, a um juiz de Barcelona encarregado do caso, segundo fontes judiciais confirmaram à AFP, embora não se saiba detalhes sobre a audiência.
O caso eclodiu em abril de 2022, quando um relatório publicado pela organização canadense Citizen Lab afirmou que mais de 60 pessoas pessoas próximas ao movimento independentista catalão haviam sido espionados em anos anteriores com o programa Pegasus, que infecta telefones celulares para extrair informações.
Em uma aparição secreta numa comissão parlamentar, Paz Esteban admitiu que a sua organização havia espionado 18 líderes independentistas catalães, incluindo Aragonès, o que foi confirmado posteriormente pelo presidente do governo, Pedro Sánchez.
Poucos dias depois, Esteban foi demitida.
Aragonès processou o CNI por ter sido espionado entre 2018 e 2020, um ano depois da má sucedida proclamação da independência da Catalunha e quando ele era vice-presidente do governo regional.
Segundo os documentos desclassificados esta semana, o serviço secreto espanhol espionava o presidente regional porque o considerava o coordenador "clandestino" de um grupo denominado Comitê de Defesa da República, que realizava ações em favor da independência. Estes documentos indicam que a espionagem foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal.
Aragonés, que já havia testemunhado em Barcelona em dezembro, condenou nesta sexta-feira que houve uma tentativa de "justificar com argumentos falsos" a invasão de sua privacidade e de sua "atividade política e institucional".
O governo do socialista Pedro Sánchez, que chegou ao poder em junho de 2018, negou ter conhecimento da espionagem.
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