O arcebispo de Canterbury, Justin Welby, líder espiritual da Igreja Anglicana, criticou nesta segunda-feira (29), ante os lordes, a câmara alta do Parlamento britânico, o projeto de lei do governo conservador britânico, destinado a deportar imigrantes em condição irregular para Ruanda. 

Adotado na Câmara dos Comuns, o polêmico projeto de lei está sendo analisado pela Câmara dos Lordes, onde se reúnem membros não eleitos do Parlamento britânico, incluindo dignitários da Igreja da Inglaterra. 

"O país pode fazer melhor do que esse projeto de lei", disse o arcebispo.

Com este projeto, "o governo continua buscando [atingir] bons objetivos da maneira errada, levando a nação por um caminho prejudicial", disse Welby aos seus pares.

"É prejudicial para os solicitantes de asilo que precisam de proteção" e é "prejudicial para a reputação do país", acrescentou o líder religioso.

Para o arcebispo, é também prejudicial "para o respeito dos princípios constitucionais" e "para o Estado de Direito".

"Mas, acima de tudo", completou Welby, o texto é "prejudicial para a unidade do nosso país em um momento em que os grandes problemas da guerra, da paz, da defesa e da segurança exigem que estejamos unidos". 

"O desafio" na questão da migração é "de longo prazo e global", insistiu.

Por isso, o líder espiritual defendeu uma estratégia que implique "a cooperação internacional e nos prepare para fluxos migratórios talvez dez vezes maiores nas próximas décadas, como resultado de conflitos, mudança climática e pobreza". 

A Câmara dos Lordes britânica já tinha manifestado dúvidas, em 22 de janeiro, em relação à última versão do polêmico plano do primeiro-ministro conservador, Rishi Sunak. 

A maioria dos representantes da câmara alta (214 contra 171) votou a favor do adiamento da ratificação do tratado que Londres assinou com Kigali até que o governo britânico demonstre que Ruanda é um país seguro para os migrantes que serão deportados para lá. 

Este último projeto de lei do governo responde às preocupações expressadas pelo Supremo Tribunal britânico, que o havia declarado ilegal em sua versão anterior, por medo de que os solicitantes de asilo fossem transferidos de Ruanda para outros países, onde estariam em perigo.

Sunak espera lançar este plano antes das eleições legislativas marcadas para o segundo semestre de 2024.

A Câmara dos Comuns, composta por deputados eleitos, aprovou o texto na semana passada, apesar das dúvidas existentes por uma rebelião da ala dura dos conservadores, que queriam um projeto mais rigoroso. Para eles, esse plano é um dos trunfos eleitorais do partido.

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