O Boeing 737 Max já foi descrito como "o avião de transporte mais examinado da história" após uma série de questões de segurança.

O último incidente ocorreu na sexta-feira (5/1), quando um Boeing 737 Max 9 da Alaska Airlines perdeu parte da fuselagem em pleno voo e teve que fazer um pouso de emergência no estado de Oregon, nos Estados Unidos.

A aeronave, transportando 177 passageiros e tripulantes, pousou em segurança em Portland.

Após o incidente, a agência reguladora de aviação dos Estados Unidos, a Administração Federal de Aviação (FAA), ordenou "inspeções imediatas" de algumas aeronaves Boeing 737 Max 9.

A FAA disse que, no total, 171 aviões terão seus voos temporariamente suspensos para inspeções.

No Brasil, a panamenha Copa Airlines é a única companhia aérea a operar com esse tipo de aeronave (ler mais abaixo).



Os aviões são utilizados nos voos que ligam a Cidade do Panamá aos aeroportos de Guarulhos, em São Paulo, e Galeão, no Rio de Janeiro.

Histórico de problemas

O incidente no voo da Alaska Airlines, que deixou um buraco no avião "do tamanho de uma geladeira", segundo um passageiro, é o mais recente de uma série de problemas e acidentes fatais que afetaram o Boeing 737 Max.

E levanta questões sobre a segurança desse modelo, que esteve anteriormente paralisado durante um ano e meio em 2019 e passou por mais investigações do que qualquer outra aeronave atualmente em serviço.

Em 2018 e 2019, ocorreram dois acidentes envolvendo aeronaves Boeing 737 Max 8 que mataram 346 pessoas.

Por causa disso, centenas de aeronaves em todo o mundo foram impedidas de voar durante mais de um ano e meio enquanto inspeções eram realizadas para identificar o problema por trás das tragédias.

Reuters
Incidente do voo da Alaska Airlines, que deixou um buraco no avião "do tamanho de uma geladeira"

O primeiro acidente com um Boeing 737 Max ocorreu em outubro de 2018, quando um avião com 189 pessoas de Jacarta, na Indonésia, caiu no Mar de Java minutos depois de decolar.

Em março de 2019, outro 737 Max, operado pela Ethiopian Airlines, caiu imediatamente após a decolagem de um voo para a capital etíope Adis Abeba, matando todas as 157 pessoas a bordo, incluindo todos os oito tripulantes.

Os acidentes, que abalaram o mundo da aviação, levaram mais de 40 países a suspenderem a operação do Boeing 737 Max até que a causa das tragédias fosse determinada.

Em maio daquele ano, a companhia reconheceu pela primeira vez defeitos no software do simulador de voo da aeronave.

Um ano depois, em setembro de 2020, um relatório do Congresso dos EUA concluiu que "a pressão competitiva, as falhas de design e uma cultura de encobrimento" por parte do fabricante de aviões e uma regulação da FAA "fundamentalmente falha" desempenharam um papel importante na história conturbada do avião da Boeing.

Recentemente, a empresa informou que conseguiu solucionar um problema de qualidade com um de seus fornecedores, que a havia obrigado a realizar longas inspeções em seu novo 737 Max.

No mês passado, a FAA instou as companhias aéreas a inspecionar seus modelos Max para investigar um possível parafuso solto nos sistemas de controle do leme.

Reuters
No acidente da Ethiopian Airlines em 2019, 157 pessoas morreram

Impacto global

O Max 9 da Boeing faz parte da série 737 Max e pode transportar até 220 passageiros, dependendo da configuração dos assentos.

No total, existem 215 aeronaves Max 9 em serviço em todo o mundo, segundo dados da Cirium, empresa de análise de aviação.

Nos Estados Unidos, a United Airlines e a Alaska Airlines possuem quase um terço desses aviões.

A United Airlines possui 79 Max 9 em serviço, o maior número de qualquer companhia aérea.

Na América Latina, as empresas que voam em aeronaves Max 9 incluem a Copa Airlines do Panamá e a Aeroméxico.

A Copa Airlines informou que suspendeu 21 aeronaves 737 Max 9 "para revisões técnicas seguindo as diretrizes de aeronavegabilidade da FAA nos Estados Unidos".

E a Aeroméxico também informou que "manterá seus aviões 737 Max 9 em solo até que sejam inspecionados".

"A inspeção da nossa frota Max 9 será concluída o mais rápido possível para continuar com as operações programadas e continuaremos a trabalhar em estreita colaboração com a Boeing e as autoridades competentes", afirmou a companhia aérea mexicana.

Segundo dados da Cirium, a Aeroméxico possui 19 aeronaves Max 9 em serviço.

Outras empresas que têm em sua frota o Boeing 737 Max 9 são a SCAT Airlines (Cazaquistão), a Icelandair (Islândia), a Turkish Airlines (Turquia) e a FlyDubai (Emirados Árabes Unidos).

Um porta-voz da FlyDubai disse que três 737 Max 9 de sua frota completaram checagens de segurança nos últimos 24 meses e aguardavam orientação da Boeing.

No Reino Unido, a Autoridade de Aviação Civil informou não haver aeronaves Boeing 737 Max 9 registradas no país, e que está pedindo às empresas estrangeiras que concluam as suas inspeções antes de operarem no espaço aéreo britânico.

A Agência de Segurança da Aviação da União Europeia (EASA) disse que está seguindo a orientação da FAA, mas que as interrupções nos voos no continente deverão ser mínimas.

Segundo a EASA, "tanto quanto é do conhecimento da agência e também com base em declarações da FAA e da Boeing, nenhuma companhia aérea num Estado-Membro da EASA opera atualmente um avião na configuração relevante" abrangida pela ordem da agência de regulação aérea dos EUA.

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