O presidente da Associação Nacional do Rifle dos Estados Unidos (NRA, na sigla em inglês) se senta no banco dos réus da Justiça de Nova York nesta terça-feira (9) para responder pelas acusações de desvio de recursos da organização defensora da posse de armas.

Após a seleção do júri, começaram hoje as alegações contra Wayne LaPierre, acusado de utilizar a NRA como "cofre pessoal", em um processo que poderia levar vários dias.

LaPierre anunciou na semana passada sua saída da presidência da NRA para o fim de janeiro, alegando razões de saúde.

"LaPierre e os altos dirigentes da NRA se apropriaram indevidamente de milhões de dólares para financiar benefícios pessoais, incluindo jatos privados, comidas caras e até mesmo viagens familiares às Bahamas", disse o gabinete da procuradora-geral de Nova York, Letitia James, antes do início do julgamento.

"A NRA, como entidade beneficente sem fins lucrativos registrada em Nova York, tem a obrigação legal de utilizar seus recursos para fins de caridade, não para bancar o estilo de vida luxuoso dos altos dirigentes e das pessoas com informação privilegiada da organização".

James entrou com um processo contra LaPierre e altos dirigentes da associação em agosto de 2020. Essas acusações terão que ser comprovadas no julgamento que acontece na Suprema Corte do estado de Nova York.

Com 150 anos, a NRA é a principal defensora do direito à posse de armas nos Estados Unidos e, desde a década de 1970, tem concentrado seus esforços para lutar contra as restrições a elas.

De 2000 a 2012, a NRA e seus aliados na indústria armamentista gastaram 80 milhões de dólares (quase R$ 400 milhões na cotação atual) para apoiar campanhas eleitorais para ambas as câmaras do Congresso e à presidência dos Estados Unidos, segundo uma análise do Center for Responsive Politics.

Nas eleições presidenciais de 2016, a associação gastou cerca de 20 milhões de dólares (pouco mais de R$ 70 milhões na cotação da época) em anúncios atacando a democrata Hillary Clinton e outros 10 milhões em anúncios apoiando o republicano Donald Trump.

A NRA anunciou que o atual chefe de operações gerais, Andrew Arulanandam, assumirá a presidência interina quando for efetivada a renúncia de LaPierre.

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