Donald Trump fez uma pausa em sua campanha às primárias presidenciais do Partido Republicano para voltar a assistir, nesta quarta-feira (17), ao julgamento por difamação, uma ação da jornalista E. Jean Carroll, que em maio já tinha vencido o ex-presidente em outro caso sobre agressão sexual e difamação.
"Estou aqui porque Donald Trump me agrediu e quando escrevi sobre isso, ele mentiu e atacou minha reputação", disse ao júri a escritora e ex-jornalista de 80 anos, segundo a imprensa que acompanha o julgamento.
"Quero recuperar minha reputação", reforçou, diante do ex-presidente de 77 anos, acompanhado de seus advogados. Na segunda-feira, Trump teve uma vitória esmagadora no primeiro ato das primárias do Partido Republicano no estado de Iowa em sua corrida para voltar à Casa Branca.
Carroll pede-lhe 10 milhões de dólares (49,3 milhões de reais, na cotação atual) pelos danos causados à sua carreira e reputação pelos comentários feitos em 2019, em pleno auge do movimento #Metoo, depois de dizer em um livro que o então presidente a tinha agredido sexualmente em 1996.
Na ocasião, Trump assegurou que a história de agressão "era totalmente falsa" e que Carroll "não fazia seu tipo". Segundo ele, ela teria inventado a história para "vender seu novo livro".
"Nunca na minha vida eu vi essa mulher (...) Não faço ideia de quem seja", repetiu na semana passada em alusão à escritora, a quem tachou de "mentirosa" e "estúpida".
Este julgamento é o segundo em oito meses em que Carroll enfrenta Trump. Em maio passado, um júri deu razão à colunista e condenou o republicano a lhe pagar cinco milhões de dólares (aproximadamente R$ 25 milhões, na cotação da época) por danos: dois por agressão sexual e três por difamação por outras declarações dadas em 2022. O magnata apelou da sentença.
Diferentemente daquela ocasião, o juiz Lewis Kaplan determinou que Carroll não precisa demonstrar que houve agressão sexual novamente, dada a decisão do júri em maio.
Shawn G. Crowley, uma das advogadas da jornalista, disse nas alegações iniciais, na tarde de terça-feira, que ao falar de dentro da Casa Branca, "Donald Trump utilizou uma das mais famosas plataformas do mundo para mentir sobre o que tinha feito, atacar a integridade duramente conquistada pela Senhora Carroll e acusá-la falsamente de inventar uma mentira terrível", segundo a imprensa local.
A equipe de defesa de Trump, com Alina Habba à frente, assegura que o que a ex-colunista da revista Elle busca é "fama e notoriedade" para vender seu livro.
- Não é obrigado a assistir -
Embora não seja obrigado a assistir a este julgamento civil, Trump decidiu fazê-lo. Na noite passada, após participar de um comício no estado de New Hampshire, segunda parada das primárias, em 23 de janeiro, e em meio à neve e a temperaturas congelantes, o republicano voltou a Nova York para assistir ao interrogatório de Carroll no segundo dia do julgamento.
Na terça, depois da vitória contundente nas primárias em Iowa, o ex-presidente também assistiu à escolha do júri pela manhã.
"Quero assistir a todos os meus julgamentos", disse Trump na semana passada, quando esteve presente ao final de outro julgamento que responde por sonegação fiscal também em um tribunal de Manhattan e no qual dois de seus filhos e a empresa da família estão envolvidos.
Com várias frentes judiciais abertas, Trump se considera vítima de uma "caça às bruxas" orquestrada de dentro da Casa Branca para dificultar seu retorno à Presidência americana nas eleições de novembro.
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