O Equador negará o salvo-conduto ao ex-vice-presidente Jorge Glas, sobre quem pesa uma ordem de prisão preventiva, em caso de o México lhe conceder asilo, advertiu a chanceler Gabriela Sommerfield nesta sexta-feira (26). 

"O presidente (Daniel Noboa) já expressou isso, não será entregue o salvo-conduto" a Glas, que está refugiado desde 17 de dezembro na embaixada mexicana em Quito, disse Sommerfield em uma entrevista ao canal Ecuavisa. 

O salvo-conduto permitiria a Glas deixar sem maiores impedimentos o país em meio a uma investigação por suposto desvio de fundos destinados à reconstrução de cidades afetadas por um devastador terremoto em 2016 para outros projetos. 

O Ministério Público sustenta que houve "abuso dos fundos estatais no caso  e que - inclusive - até a presenta data é visível a inexistente realização de obras depois do terremoto". 

Também estão envolvidos outros dois ex-funcionários do governo do ex-presidente socialista Rafael Correa (2007-2017), que ao lado de Glas são acusados de um suposto peculato. 

O ex-vice-presidente (2013-2017) liderou um comitê para a reconstrução de regiões afetadas pelo terremoto, para o qual o governo arrecadou cerca de 1,6 bilhão de dólares em contribuições obrigatórias dos salários de todos os funcionários e do aumento temporário do Imposto sobre Valor Agregado (IVA). 

Em outro processo, Glas foi condenado, em dezembro de 2017 - data em que havia sido reeleito - a seis anos de prisão pela trama de corrupção da empreiteira Odebrecht. Em 2022, obteve liberdade condicional. 

A chanceler equatoriana destacou que "esse asilo não se sustenta" por se tratar de uma investigação penal. A defesa de Glas disse que o asilo permitirá proteger "sua integridade física" ante a insegurança das prisões. 

Em março, a ex-ministra do governo de Correa, María de los Ángeles Duarte, escapou da embaixada da Argentina, onde ficou refugiada por mais de dois anos, depois que o Equador se negou a lhe dar um salvo-conduto para viajar. 

Duarte havia sido condenada a oito anos de prisão pelo crime de suborno. Sua fuga ocasionou uma crise diplomática entre Quito e Buenos Aires. 

Nos últimos anos, o México concedeu asilo ou refúgio a outros ex-funcionários do governo de Correa como o ex-chanceler Ricardo Patiño e os deputados Soledad Buendía, Carlos Viteri e Gabriela Rivadeneira. 

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