A Comissão Europeia propôs, nesta terça-feira (6), uma redução líquida de 90%, em relação a 1990, nas emissões de gases do efeito estufa na União Europeia (UE) até 2040. Esta é uma etapa crucial para alcançar o objetivo de neutralidade de carbono até 2050.

"Com base nos melhores dados científicos disponíveis e em um estudo de impacto, recomendamos que a meta para 2040 seja uma redução de 90% nas emissões", disse o comissário europeu de Ação Climática, Wopke Hoekstra.

Durante seu discurso perante o plenário do Parlamento Europeu, em Estrasburgo, no nordeste da França, Hoekstra afirmou que "a ação climática requer planejamento (...) É uma maratona, não uma corrida curta, e devemos garantir que todos cruzem a linha de chegada".

Alcançar essa meta até 2040 demandaria que os 27 países da União Europeia mantenham o mesmo ritmo de redução planejado para o período entre 2020 e 2030. 

Para isso, a proposta contempla a captura e o armazenamento de volumes ambiciosos de dióxido de carbono.

A produção de eletricidade deve ser praticamente livre de carbono na segunda metade da década de 2030, enquanto o consumo de combustíveis fósseis para fins energéticos precisa cair 80% até 2040.

O chamado "Pacto Verde" para atingir a neutralidade de carbono, da UE, gerou, no entanto, temores sobre o impacto de uma transição acelerada.

O conjunto de medidas previstas pela Comissão Europeia - o braço executivo da UE - para alcançar a neutralidade de carbono em 2050 fez progressos nas áreas de transporte e indústria, mas enfrenta problemas evidentes no setor agrícola - responsável por 11% das emissões de gases do efeito estufa no bloco.

- Custo monumental -

A Comissão estima que os investimentos necessários entre 2031 e 2050 para atingir a neutralidade de carbono podem chegar a 660 bilhões de euros (cerca de R$ 3,2 trilhões) apenas no setor de energia. 

Além disso, seria necessário adicionar investimentos de aproximadamente 870 bilhões de euros (por volta de R$ 4,3 trilhões) no setor de transporte.

Segundo a Comissão, esse custo monumental poderia ser coberto por meio de parcerias entre investimentos públicos e recursos privados.

Além disso, em junho, serão realizadas eleições no bloco comunitário que renovarão o Parlamento Europeu e marcarão uma transformação na Comissão Europeia.

De acordo com as pesquisas, direita e extrema direita devem sair fortalecidas dessas eleições.

Um grupo de 11 países, entre eles Espanha, França e Alemanha, assinou uma carta aberta à Comissão, pedindo que a transição para a meta de 2040 seja "justa" e não deixe "ninguém para trás, especialmente os cidadãos mais vulneráveis".

Com esse panorama, tudo indica que a próxima Comissão Europeia, vencedora das eleições de junho, precisará transformar essa proposta em um projeto de legislação. 

Algumas das vozes mais relutantes em consolidar a legislação ambiental parte do Partido Popular Europeu (PPE, de direita), majoritário no Parlamento, ao qual pertence a atual chefe da Comissão, Ursula von der Leyen.

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