O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o chefe de governo da Alemanha, Olaf Scholz, pediram nesta sexta-feira (9) ao Congresso americano que aprove mais fundos para a Ucrânia.

"O fracasso do Congresso dos Estados Unidos em apoiar a Ucrânia é quase uma negligência criminosa", disse Biden ao receber Scholz no Salão Oval. "É ultrajante."

O líder alemão afirmou que espera avanços no desbloqueio da ajuda de Washington a Kiev.

"Sem o apoio dos Estados Unidos e [...] dos Estados europeus, a Ucrânia não teria nenhuma chance de defender seu próprio país", advertiu Scholz.

O Senado americano deu na quinta-feira o primeiro passo para desbloquear um pacote legislativo que inclui cerca de 60 bilhões de dólares (298 bilhões de reais) em ajuda militar para a Ucrânia.

Mas seu futuro continua incerto, já que os congressistas próximos ao ex-presidente e pré-candidato à Casa Branca, Donald Trump, se recusam a dar mais dinheiro a Kiev.

Os 27 países da União Europeia recentemente concordaram com um pacote de 50 bilhões de euros (267 bilhões de reais) até 2027, depois que a Hungria retirou seu veto.

A Alemanha é o segundo maior contribuinte em termos absolutos, depois dos Estados Unidos, com mais de 7 bilhões de euros (37 bilhões de reais) este ano, e pede a seus parceiros europeus que aumentem sua ajuda.

Enquanto isso, as tropas ucranianas resistem com dificuldades no front.

O novo chefe do Exército, Oleksander Sirski, prometeu um plano "claro" para repelir os russos.

Seu principal problema é a falta de munições. Além disso, Kiev exige mísseis de longo alcance, mas Washington e Berlim hesitam por medo de provocar uma escalada incontrolável com o Kremlin, que já levantou mais de uma vez a ameaça nuclear.

- Mentiras -

Scholz também acusou o presidente russo, Vladimir Putin, de "contar muitas mentiras" em uma "entrevista ridícula" com o apresentador americano Tucker Carlson que foi ao ar na quinta-feira.

"Ele quer ficar com uma parte do território de seus vizinhos. É simplesmente imperialista", afirmou Scholz.

Biden não respondeu quando questionado se abordaria com Scholz o tema do jornalista Evan Gershkovich, do Wall Street Journal, que está preso na Rússia.

Putin insinuou na entrevista de quinta-feira que estava interessado em uma troca de prisioneiros na qual o jornalista americano seria libertado como parte de um acordo em que a Alemanha libertaria um russo condenado por assassinar um ex-rebelde checheno fugitivo em Berlim.

Na terceira visita bilateral de Scholz desde que assumiu o cargo, em dezembro de 2021, eles também conversaram sobre a guerra entre Israel e o grupo islamista palestino Hamas na Faixa de Gaza, e sobre os ataques dos rebeldes huthis do Iêmen a navios mercantes no Mar Vermelho.

Os dois governantes, ligados por "uma forte relação de confiança", segundo fontes governamentais alemãs, apoiam o direito de Israel a se defender após o massacre de civis cometido pelo Hamas em seu território em 7 de outubro, mas pedem um cessar-fogo nos bombardeios israelenses contra Gaza. Também pedem a libertação dos reféns levados por combatentes do Hamas ao território palestino.

Os dois líderes “ressaltaram a necessidade de proteger os civis em Gaza e aumentar a entrega de ajuda humanitária vital”, além de analisar as condições para uma paz duradoura“, que inclui o estabelecimento de um Estado palestino com a segurança de Israel garantida”, informou a Casa Branca.

Após o encontro, o ex-presidente polonês Lech Walesa disse à rede de TV CNN que “os Estados Unidos devem desempenhar o papel de líder mundial. Não estamos dizendo que devam pagar por tudo, mas devem dar o exemplo e incentivar o mundo a se unir ao esforço. Caso contrário, nossa civilização estará morta."

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