O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, anunciou nesta quarta-feira(14) um aumento significativo dos gastos militares pelos membros da aliança, após ameaças de Donald Trump aos países em atraso com suas contribuições.
"Este ano, espero que 18 aliados gastem 2% do PIB em defesa. Será mais um número recorde, seis vezes maior que em 2014, quando apenas três aliados cumpriram a meta", disse.
O anúncio de Stoltenberg sobre o número de países da Otan a atingir a meta de gastos militares responde à ameaça de Donald Trump de não defender os países em mora se reeleito presidente.
No último fim de semana, em um comício de campanha, Trump sugeriu ainda que incentivará a Rússia a "fazer o que quiser" com eles.
Segundo Stoltenberg, "estamos conquistando avanços reais" porque os países da aliança "estão gastando mais. Porém, alguns ainda têm um caminho a percorrer".
A lista dos 18 países que cumprirão com a meta este ano não foi divulgada. Em 2023, foram onze. Neste mesmo ano, os países da Otan decidiram converter 2% em piso e não em teto.
As declarações de Trump impactaram a nível mundial e foram criticadas publicamente por líderes importantes.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, disse que questionar um pilar fundamental da Otan como o princípio da defesa mútua é "irresponsável e perigoso".
Durante seu governo, Trump criticou abertamente os aliados da Otan por sua resistência em aumentar os gastos em defesa.
Com a guerra na Ucrânia, vários países do bloco aumentaram os investimentos militares, mas os Estados Unidos ainda pagam a maior parte do combinado.
- Ucrânia na agenda -
Além das ameaças aos países em atraso, o que mais preocupou os aliados foi a declaração de que, uma vez na Casa Branca, Trump permitiria que a Rússia fizesse "o que quisesse" com os países devedores.
Em uma rara mensagem ríspida na rede X, Stoltenberg afirmou que a sugestão de que os países da Otan não se defenderiam entre si "minava a segurança" de todos, incluindo os Estados Unidos.
A polêmica destaca a dependência da Otan dos investimentos americanos e levanta a discussão sobre se os países europeus (29 dos 31 integrantes da aliança militar) têm realmente uma alternativa.
A França -única potência nuclear da UE- defende há anos que a Europa precisa de outra "apólice de seguro", além da Otan, para garantir a segurança do continente.
Stoltenberg presidirá na quinta-feira uma reunião de ministros da Defesa dos países da aliança militar. Formalmente, a agenda está concentrada na continuidade e modalidade de apoio à Ucrânia.
A embaixadora dos Estados Unidos na Otan, Julianne Smith, indicou na terça-feira que a Europa já superou os Estados Unidos em apoio à Ucrânia.
Para Stoltenberg, as forças ucranianas têm demonstrado capacidade de ação com recentes êxitos no Mar Negro, onde Kiev assegura que "destruiu" um navio de guerra russo ao sul da península da Crimeia.
As forças da Ucrânia "conseguiram infligir grandes perdas à frota russa do Mar Negro", disse Stoltenberg, acrescentando que trata-se de "uma grande conquista, uma grande vitória para os ucranianos".
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