O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, criticou nesta quarta-feira (14) o processo de impeachment que a Câmara Baixa dos Estados Unidos abriu contra o secretário de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas, culpando-o pela crise migratória na fronteira entre as duas nações. 

"Ontem (terça-feira), de forma injusta, mas por razões políticas, tentaram tirar Mayorkas do cargo, processá-lo (...), aprovaram o processo de impeachment na Câmara dos Representantes", declarou o presidente mexicano durante sua habitual coletiva matinal. 

O procedimento, aprovado por uma estreita maioria de legisladores republicanos, é o primeiro a ser instaurado em 150 anos contra um membro de alto escalão do gabinete do presidente. O único precedente ocorreu em 1876 com o secretário de Guerra William Belknap. 

"A aprovação do Senado ainda está pendente, mas isso é propaganda porque ele não é culpado", acrescentou López Obrador, que considerou que a acusação tem conotações eleitorais.

"Temos que entender que estamos em uma campanha, em época de campanha nos Estados Unidos e no México, e por isso as coisas são exageradas", disse o líder esquerdista. 

A questão da migração é um tema fundamental para as eleições presidenciais dos EUA a serem realizadas em novembro. O México, por sua vez, também elegerá um novo presidente em junho.

A Câmara dos Representantes, onde a oposição republicana tem mais votos, acusou formalmente Mayorkas de não aplicar a lei de imigração e de ter "violado a confiança pública". 

As chances de sucesso no Senado dos EUA, no entanto, são próximas de zero, dada a maioria, ainda que estreita, dos democratas. 

A migração irregular, que os republicanos denunciam como uma "invasão", é um problema latente: somente em dezembro, migrantes ou solicitantes de asilo foram interceptados 302.000 vezes na fronteira com o México. 

Essa situação está sendo explorada eleitoralmente pelo ex-presidente Donald Trump, o favorito para a indicação republicana, que está ameaçando uma deportação em massa de migrantes caso ele retorne à Casa Branca.

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