O indulto concedido na Hungria a um homem envolvido em abusos sexuais a crianças provocou, nesta sexta-feira (16), a renúncia do líder da Igreja protestante, conselheiro da presidente do país que renunciou no último sábado, e levou milhares de cidadãos indignados às ruas.
Dezenas de milhares de pessoas protestaram à noite em Budapeste contra a decisão de indultar o ex-diretor adjunto de um lar para crianças, condenado em 2022 a mais de três anos de prisão por encobrir as atividades pedófilas de seu superior.
Antes desta reunião, o bispo calvinista Zoltan Balog anunciou sua "retirada da presidência eclesiástica", após um sínodo extraordinário.
É terceira personalidade próxima ao primeiro-ministro ultraconservador Viktor Orbán a renunciar em menos de uma semana, em uma crise sem precedentes desde seu retorno ao poder em 2010.
No último sábado, a agora ex-chefe de Estado Katalin Novak e a ex-ministra da Justiça Judit Varga, que encabeçava a chapa oficialista para as eleições do Parlamento Europeu de junho próximo, abandonaram repentinamente a vida pública.
Muitos manifestantes, convocados por influenciadores e personalidades da cultura, afirmam sua vontade de "denunciar o sistema Orbán".
"Os direitos democráticos foram pisoteados como nunca" sob o governo atual, destacou à AFP Risko Laszlo, de 50 anos, funcionário de uma empresa de telecomunicações.
Outra manifestante declarou que "o governo deve parar de acreditar que tudo é permitido", embora confesse não ter "muitas esperanças de mudança", já que Orbán solidificou firmemente seu poder.
"Estou muito contente de que sejamos tantos", acrescentou Margit, professora de 65 anos que se recusou a dar seu sobrenome.
ros-mg-anb/mab/js/am