Metade das armas ocidentais prometidas à Ucrânia são entregues com atraso, lamentou neste domingo o ministro da Defesa da ex-república soviética, que fez um apelo para que os aliados enviem mais armamento para que o país consiga conter a Rússia.

"Uma promessa não constitui uma entrega", disse Rustem Umerov, durante um fórum organizado por ocasião do segundo aniversário do início da guerra. "E 50% dos compromissos não são cumpridos a tempo", criticou.

Os atrasos, segundo o ministro, colocam a Ucrânia em grande desvantagem na guerra contra a Rússia, pois significa "perdas humanas e de território".

O Exército ucraniano enfrenta uma situação extremamente difícil na frente de batalha e, após quatro meses de combates violentos, foi obrigado a abandonar a cidade de Avdiivka, no leste do país.

Apesar da insistência de Kiev, os aliados ocidentais relutaram nos últimos meses em aprovar novos pacotes de ajuda à Ucrânia. O auxílio ocidental é essencial para a ex-república soviética.

Nos Estados Unidos, os congressistas republicanos, rivais do presidente democrata Joe Biden, bloqueiam há várias semanas um pacote de 60 bilhões de dólares para a Ucrânia. 

Apesar dos sinais preocupantes, o primeiro-ministro ucraniano, Denis Shmigal, se declarou convencido de que Washington "não vai abandonar" Kiev e aprovará a ajuda.

O pacote mais recente de ajuda da União Europeia foi aprovado em fevereiro, com atraso.

- "Martirizado" povo ucraniano -

Nos últimos dias, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, insistiu com os aliados ocidentais para que enviem a ajuda prometida de maneira mais rápida. Ele pediu mais munições, sistemas de defesa aérea e aviões de combate.

"Sabem muito bem do que precisamos para proteger nossos céus, para reforçar nosso exército em terra, do que precisamos para apoiar e continuar nossos êxitos no mar. E sabem perfeitamente de que precisamos a tempo", afirmou Zelensky durante uma reunião por videoconferência do G7, que reúne as principais potências ocidentais.

O presidente ucraniano disse ainda que os atrasos nas entregas de armamentos contribuíram para o fracasso da contraofensiva de Kiev no ano passado.

A chefe da diplomacia da Alemanha, Annalena Baerbock, que visitou o sul da Ucrânia, declarou que a ajuda dos aliados não deve ser "minimizada como se fosso algo em vão".

"Salva vidas todos os dias", insistiu na cidade de Mykolaiv, perto do Mar Negro. No sábado, Baerbock admitiu, no entanto, que a Ucrânia precisa de mais armas para defesa, em particular de longo alcance.

Kiev exigem há meses que Berlim entregue mísseis Taurus, uma das armas mais modernas e eficientes da Força Aérea germânica.

O papa Francisco mencionou neste domingo o "martirizado povo ucraniano" e pediu uma solução diplomática para uma "paz justa e duradoura".

A Ucrânia é alvo de bombardeios diários das forças russas. Na madrugada de domingo, um ataque deixou um ferido em Kostiantynivka, no leste, e provocou danos em vários prédios, segundo a polícia.

Em Nikopol, sul do país, um drone russo lançou explosivos contra um veículo e matou um homem de 57 anos, segundo o governador da região de Dnipropetrovsk, Serguei Lyssak.

bur-ant-led/epe/sag/mb/fp