Os alunos da Faculdade de Medicina Albert Einstein, nos Estados Unidos, reagiram com aplausos e choros emocionados ao anúncio da doação de US$ 1 bilhão (R$ 4,95 bilhões, na cotação atual), feita pela ex-professora Ruth Gottesman, na terça-feira. A quantia doada fará com que a instituição ofereça aos estudantes aulas gratuitas perpétuas. A doação é uma das maiores ações de filantropia já recebidas publicamente por uma instituição educacional nos Estados Unidos. Dessa maneira, a matrícula anual de quase US$ 60 mil (R$ 297,5 mil) da instituição será nula para os estudantes. Segundo a instituição, todos os alunos atuais serão reembolsados pelas mensalidades do semestre da primavera de 2024 e, a partir de agosto deste ano, os futuros estudantes receberão mensalidades gratuitas.
A escola e o hospital afiliado, o Centro Médico Montefiore, estão localizados no Bronx, que é o distrito mais pobre da cidade de Nova York, onde os índices de saúde estão entre os piores. Os fundos da doação bilionária partiram da fortuna deixada pelo marido da ex-professora, o bilionário investidor do conglomerado empresarial Berkshire Hathaway, David Gottesman, que morreu em setembro de 2022. Ele deixou um patrimônio estimado em US$ 3 bilhões (mais de R$ 12 bilhões).
“Estou muito grata ao meu falecido marido, Sandy, por deixar esses recursos sob meus cuidados. Me sinto abençoada por ter o grande privilégio de fazer essa doação para uma causa tão nobre”, disse Ruth, em comunicado conjunto com a faculdade. Gottesman, de 93 anos, foi professora clínica de pediatria na Einstein. “A Faculdade de Medicina Albert Einstein recebeu um presente transformador de Ruth L. Gottesman, Ed.D., presidente do conselho de administração da Einstein e membro do conselho de administração do Sistema de Saúde Montefiore”.
Ex-professora da Albert Einstein, Ruth estudou dificuldades de aprendizagem, desenvolveu um teste de triagem e coordenou programas de alfabetização. Ela chegou em 1968 na instituição como diretora de serviços psicoeducacionais e atualmente é a presidente do conselho de curadores da faculdade. Segundo Ruth, quando seu marido morreu, em 2022, ele deixou ações da Berkshire Hathaway para ela. “Faça o que você achar certo com isso”, disse Ruth relembrando mensagem póstuma de David. “Eu queria financiar alunos da Einstein para que recebessem mensalidades gratuitas”, disse ela. E havia dinheiro suficiente para fazer isso “para sempre”, afirmou ao “The New York Times”
Segundo o jornal americano, o gesto de Gottesman vai na contramão de doações feitas por outros bilionários no passado, que destinam centenas de milhões de dólares para escolas de medicina e hospitais mais conhecidos em Manhattan, o bairro mais rico da cidade.
“Esta doação revoluciona radicalmente a nossa capacidade de continuar atraindo estudantes que estão comprometidos com a nossa missão, e não apenas aqueles que podem pagar. Além disso, irá libertar e animar os nossos alunos, permitindo-lhes prosseguir projetos e ideias que de outra forma poderiam ser proibitivos. Seremos lembrados do legado que este presente histórico representa a cada primavera, à medida que enviamos outra classe diversificada de médicos por todo o Bronx e ao redor do mundo para fornecer cuidados compassivos e transformar suas comunidades”, disse o Dr. Yaron Tomer, reitor da Faculdade de Medicina Albert Einstein.
Em uma publicação sobre a doação bilionária, o Albert Einstein Medical College afirma que “este presente transformacional se destina a atrair um conjunto talentoso e diversificado de indivíduos, que, de outra forma, não teriam meios para prosseguir uma educação médica. Permitirá que gerações de líderes de saúde avancem nos limites da investigação e dos cuidados, livres do fardo do endividamento esmagador dos empréstimos” Um trecho do anúncio feito no campus pelos responsáveis pela Albert Einstein, divulgado nas redes sociais, mostra o momento em que o auditório de estudantes reagiu com entusiasmo à notícia, aplaudindo, gritando e vibrando.