Uma criança morre a cada duas horas no campo de deslocados de Zamzam, em Darfur, no oeste do Sudão devastado pela guerra, alertou nesta segunda-feira (5) a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF), denunciando a "situação catastrófica" no local. 

"Estimamos que pelo menos uma criança morre a cada duas horas no campo, ou seja, 13 crianças morrem todos os dias", disse Claire Nicolet, responsável pela resposta de emergência de MSF no Sudão, em comunicado. 

"As crianças que sofrem de desnutrição grave e que ainda não morreram correm o risco de morrer dentro de três a seis semanas se não receberem tratamento", acrescentou. 

Quase 25% das crianças examinadas sofre de desnutrição grave e quase 40% das que têm entre seis meses e dois anos sofre de desnutrição, o que ultrapassa "todos os limites de emergência", segundo a ONG.

Além disso, a taxa bruta de mortalidade neste campo, um dos maiores do país, com entre 300 mil e 500 mil pessoas segundo as estimativas, é "extremamente preocupante", com 2,5 mortes por 10 mil pessoas por dia, mais que o dobro do limiar de emergência, disse MSF. 

Desde 15 de abril de 2023, o Sudão vive uma guerra entre o Exército do general Abdel Fattah al Burhan e as Forças de Apoio Rápido (FAR, paramilitares) do general Mohammed Hamdan Daglo, ex-número dois no poder militar. 

O conflito causou milhares de mortes, entre 10 mil e 15 mil delas apenas em uma cidade de Darfur, de acordo com um relatório de especialistas da ONU.

"Antes do início do conflito (…), os habitantes do campo dependiam enormemente da ajuda internacional para alimentação, cuidados de saúde, água potável, para quase tudo", acrescentou Claire Nicolet. "Hoje eles estão quase completamente abandonados."

Especialistas da ONU indicaram, em um comunicado recebido nesta segunda-feira, que as quase 9 milhões de pessoas deslocadas dentro do país "vivem em condições desastrosas".

Cerca de "25 milhões de pessoas, entre elas 14 milhões de crianças, precisam urgentemente de ajuda humanitária no Sudão", acrescentaram.

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