Um dia após receber o secretário de Estado americano, Antony Blinken, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu, nesta quinta-feira (22), em Brasília, com o chanceler russo, Sergei Lavrov, que anteriormente criticou o Ocidente por "acusar sem fundamento" Moscou durante uma reunião ministerial do G20.
O encontro entre Lula e Lavrov ocorreu no Palácio da Alvorada e terminou sem comentários à imprensa, constatou a AFP.
Lula tem se oposto à política de isolamento da Rússia adotada por Washington desde o início da invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022, por considerar que o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, e as potências ocidentais compartilham a responsabilidade pela guerra.
Lavrov chegou a Brasília após participar da reunião no Rio de Janeiro dos ministros das Relações Exteriores do G20, presidido este ano pelo Brasil.
Em declarações à imprensa russa, Lavrov disse que alguns países ocidentais tentaram sem sucesso "ucranizar" a agenda da reunião.
"Alguns de nossos colegas ocidentais na reunião ministerial do G20 tentaram [...] fazer acusações infundadas contra a Federação Russa e 'ucranizar' a agenda de todas as formas possíveis", afirmou Lavrov.
"Essas tentativas não foram apoiadas pelos países em desenvolvimento, pela maioria dos países do Sul global", assegurou.
No Rio, onde Lavrov chegou após passar por Cuba e Venezuela, o chanceler russo teve encontros bilaterais com seus homólogos do México, Bolívia, Paraguai, Turquia e Brasil, entre outros países.
As tensões entre o Ocidente e Moscou se intensificaram com a morte do opositor Alexei Navalny na prisão, anunciada na sexta-feira.
As potências ocidentais responsabilizaram o presidente russo, Vladimir Putin, pela morte de seu principal crítico.
Os países ocidentais "agem como promotores, acusadores, juízes e carrascos, tudo ao mesmo tempo. Essa histeria pela morte de Navalny tem mostrado isso de forma convincente", acusou Lavrov.
No Rio, Blinken elogiou Navalny como um "verdadeiro herói" e reiterou que os EUA estão preparando novas sanções contra a Rússia.
"O fato de Vladimir Putin ter considerado necessário perseguir, envenenar e prender um homem diz muito, não sobre a força da Rússia sob Putin, mas sobre sua fraqueza", afirmou o chefe da diplomacia americana.
Ele também disse que há "um forte desejo palpável entre praticamente todos os membros do G20" de que termine "a agressão russa e que prevaleça a paz de uma maneira que defenda os direitos dos ucranianos à sua futura integridade territorial".
Desde o início da invasão russa, mais de 14 milhões de pessoas deixaram suas casas na Ucrânia, quase um terço da população do país, das quais quase 6,5 milhões emigraram e vivem como refugiados, disse a Organização Internacional para as Migrações na quinta-feira.
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