O Parlamento da Hungria deve ratificar nesta segunda-feira (26) a adesão da Suécia à Otan, o último obstáculo para a entrada do país nórdico que encerrou décadas de não alinhamento após a invasão russa da Ucrânia.  

A Suécia enfrentou diversas barreiras para entrar na Organização do Tratado do Atlântico Norte, que incluíram a difícil negociação para obter a aprovação da Turquia, um processo concluído em janeiro. 

Além disso, o país precisou convencer o primeiro-ministro húngaro, o nacionalista Viktor Orban, pois o protocolo de adesão da Otan exige a aprovação unânime dos países membros da aliança. 

A Suécia apresentou sua candidatura para integrar a aliança em maio de 2022, meses após a invasão da Ucrânia. O pedido aconteceu ao mesmo tempo que o da Finlândia, que em abril de 2023 se tornou o 31º país membro da organização. 

Orban sempre afirmou que era favorável à entrada da Suécia na Otan, mas adiou a votação diversas vezes, pois exigia que o país nórdico "respeitasse" o seu governo. 

Nas últimas semanas, a visita do primeiro-ministro da Suécia, Ulf Kristersson, a Budapeste acelerou as negociações. Durante a viagem, o governo húngaro anunciou a compra de quatro caças suecos. 

Para alguns analistas, o adiamento na aprovação por parte da Hungria foi uma estratégia para negociar com a União Europeia o desbloqueio de bilhões de euros em fundos que estão congelados.

Outros analistas apontaram como motivo a proximidade de Orban do presidente russo, Vladimir Putin, e do chefe de Estado turco, Recep Tayyip Erdogan, que explicou sua relutância por motivos de segurança. 

- 32º membro -

A votação, prevista para a tarde desta segunda, não deve apresentar surpresas, visto que a coalizão governamental tem dois terços dos assentos e a oposição também votará a favor, com exceção do partido de extrema direita Movimento Nossa Pátria.

Após o pronunciamento do Parlamento, a lei irá para a presidência para ser promulgada nos próximos dias.

Posteriormente, segundo o regulamento da Otan, a Suécia será então convidada a aderir ao Tratado de Washington e a tornar-se oficialmente o 32º membro do acordo militar.

A solicitação da Suécia para ingressar neste tratado rompeu com uma política de não alinhamento sustentada por décadas e que estava baseada na rejeição da maioria da população.

A invasão russa na Ucrânia marcou uma transformação drástica na atitude dos partidos políticos suecos e na opinião pública, e em maio de 2022, a maioria do Parlamento votou a favor da adesão à Otan.

As Forças Armadas suecas dispõem de 50 mil soldados, cerca de metade dos quais são reservistas, mas o primeiro-ministro declarou em janeiro que o seu país está disposto a fornecer tropas às forças da Otan na Letônia. 

Geopoliticamente, após a entrada da Finlândia, a adesão da Suécia significa para a Rússia que o Mar Báltico está agora rodeado por países membros do acordo militar.

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