Os postos de gasolina em Havana amanheceram com filas menores do que habitual e semblantes tristes entre os motoristas nesta sexta-feira (1º), quando o governo quintuplicou o preço da gasolina como parte de um plano para reduzir o déficit fiscal.
Na quarta-feira, o ministro de Minas e Energia, Vicente de la O Levy, anunciou "novos preços de varejo dos combustíveis" que seriam implementados no dia 1º de março, na rede social X, comunicando também uma "nova tarifa de eletricidade para consumidores acima de 500 quilowatts/hora".
O objetivo é "alcançar o reabastecimento dos combustíveis e provocar economias para quem consome mais" energia elétrica, acrescentou o ministro.
O aumento da gasolina tem causado grande preocupação na população, que espera uma elevação dos preços no país, em meio a uma inflação galopante que atinge a ilha desde 2021. Os preços subiram 30% em 2023 e 39% no ano anterior, segundo dados oficiais considerados subestimados por especialistas consultados pela AFP.
"Então é oficial, não precisa dar voltas nem se surpreender, as coisas são assim aqui", lamenta o trabalhador autônomo Alejandro Valdés, de 33 anos.
Em janeiro, o governo já havia anunciado a medida, o que provocou aglomerações e longas filas em postos de gasolina. As autoridades então decidiram adiar sua entrada em vigor, alegando "um incidente de cibersegurança nos sistemas informáticos" que impediu a aplicação dos novos valores.
O preço do litro da gasolina comum passou de 25 pesos cubanos (5,19 reais na cotação atual) para 132 (27,40 reais), o que equivale a um aumento de 428%, enquanto a gasolina aditivada passou de 30 (6,20 reais) a 156 pesos cubanos (32,38 reais), o que representa +420%.
Para o economista cubano Pedro Monreal, este aumento "'corrige' uma distorção", ao vender a gasolina a um preço real, mas terá "efeitos transversais, aumentando a distorção de salários desalinhados ao custo de vida", afirmou na rede social X.
O salário mínimo mensal na ilha é de 4.200 pesos cubanos (quase 872 reais).
As autoridades adiaram o aumento dos preços de varejo dos combustíveis, que deveria ser duplicado para os transportes públicos e privados, mas para motoristas de táxi e ônibus que trabalham de forma autônoma, começaram a aumentar estes valores desde janeiro, quando a medida foi anunciada. Também prorrogaram um aumento planejado no gás natural.
Cuba enfrenta sua pior crise econômica em três décadas, além de uma crise crônica de combustíveis que se agravou em abril de 2023, devido aos efeitos da pandemia, ao reforço do embargo dos Estados Unidos e às fragilidades internas de uma reforma monetária que teve início há três anos e não obteve os resultados esperados.
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