Centenas de russos visitaram, neste sábado (2) em Moscou, o túmulo de Alexei Navalny, o principal crítico de Vladimir Putin que morreu na prisão, para lhe prestar homenagem, um dia depois do funeral e apesar das advertências do Kremlin. 

À tarde e sob um sol de inverno, dezenas de pessoas fizeram fila em frente ao túmulo do opositor carregando flores, observou um jornalista da AFP. 

Como no dia anterior, a polícia instalou portões de detecção de metais na entrada do cemitério.

Algumas das pessoas que compareceram, muitas delas jovens que são a base de apoio de Navalny, passaram em frente ao túmulo do opositor com lágrimas nos olhos.

Navalny, o mais ferrenho crítico do presidente Vladimir Putin durante mais de uma década, morreu aos 47 anos em uma colônia penitenciária do Ártico no mês passado, onde cumpria uma pena de 19 anos sob acusações de "extremismo", em condições que ainda não foram esclarecidas. 

A sua mãe, Liudmila Navalnaya, visitou o seu túmulo, coberto de flores e coroas de flores, no cemitério de Borisovo, ao sul de Moscou, na manhã deste sábado, observaram jornalistas da AFP. 

Ela estava acompanhada por Alla Abrosimova, mãe da viúva de Navalny, Yulia Navalnaya. 

Yulia Navalnaya, os dois filhos do casal e o irmão de Navalny moram no exterior e não compareceram ao funeral por medo de serem presos. 

A viúva do opositor prometeu continuar o trabalho do marido e culpou Putin pela sua morte.

- Fim das esperanças de mudança -

Vadim, 52 anos, declarou-se "entristecido pela perda de um homem digno do nosso tempo" e exortou os seus compatriotas a "continuarem vivendo como Alexei teria desejado: fazendo todo o possível para que o povo do nosso país e de todo o mundo viva mais feliz".

Mas para outras pessoas entrevistadas no sábado, a morte de Navalny significa o fim das esperanças de mudança, depois de mais de um quarto de século de Putin no poder. 

"Tudo o que foi construído ao longo dos anos com ele foi enterrado aqui", lamentou Roman, um jovem de 29 anos. 

Milhares de apoiadores de Navalny compareceram ao funeral do opositor na véspera para lhe prestar uma última homenagem.

Ao saírem de uma igreja perto do cemitério, em uma longa fila, alguns gritavam "Não à guerra!" e outros slogans a favor de Navalny. 

Na sexta-feira, a polícia russa deteve pelo menos 128 pessoas que participavam em homenagens a Navalny em 19 cidades, segundo a ONG de direitos humanos OVD-Info. 

As cenas de milhares de pessoas marchando em apoio ao opositor, exigindo o fim da ofensiva russa na Ucrânia e atacando o Kremlin, não eram vistas na Rússia desde o início da operação militar, em fevereiro de 2022. 

O Kremlin reprime duramente a dissidência e utiliza leis rigorosas para perseguir centenas de pessoas que se manifestaram publicamente contra a campanha.

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