A brasileira Fernanda Santos, que denunciou ter sido vítima de um estupro coletivo na Índia, afirmou, nesta segunda-feira (4/3), que está recebendo críticas após ter relatado o crime. “Nós lemos vários comentários absurdos dizendo que nós trouxemos isso para nós mesmos ao virmos para a Índia”, disse. Ela e o marido viajam pelo mundo em uma moto. Eles tinham montado uma tenda para passar a noite em uma área remota no território indiano quando foram atacados.
A polícia acredita na participação de até 10 pessoas. Três suspeitos do crime foram detidos. A violência sexual, cometida contra Fernanda por sete homens, ocorreu na noite de sexta-feira (1º/3). Os viajantes também foram roubados e o marido da brasileira, Vicente Barbera, disse ter sido ameaçado com uma faca no pescoço. As vítimas, que passaram a primeira noite após o episódio sob tratamento médico, foram transferidas para uma unidade do governo e já prestaram depoimento a um juiz.
“Isso pode acontecer com qualquer pessoa: com a sua filha, irmã, mãe, e em qualquer país do mundo. Ninguém está livre. Isso já aconteceu muitas vezes na Espanha, no Brasil e na América. Então não diga bobagens pelo fato de estarmos na Índia”, ressaltou Fernanda.
"Nós já acampamos em 66 países: Irã, Afeganistão, Paquistão… muitos países que são considerados ‘perigosos’, e nós nunca tivemos problemas. Nós pedimos que a justiça seja feita, não só por nós, mas também por todas as outras mulheres e meninas que passaram por isso", emendou a brasileira.
No domingo (3/3), o casal agradeceu o apoio recebido e disse acreditar no trabalho na polícia. Fernanda e Vicente citaram que o crime não pode ser associado à Índia. "Não pense que a Índia é assim, porque não é verdade. Os indianos são boas pessoas. Encontramos alguns indesejáveis, mas não podemos generalizar", afirmou o casal.
Itamaraty presta assistência
O Ministério das Relações Exteriores informou, no domingo (3/3), que a embaixada do Brasil em Nova Delhi, na Índia, acompanha e presta "toda a assistência consular cabível" à brasileira. O Itamaraty afirmou que tem feito o atendimento de forma coordenada com a embaixada da Espanha, pois o marido da mulher é espanhol e ela possui dupla cidadania.
"Imediatamente após tomar conhecimento dos fatos, a embaixada do Brasil em Nova Delhi procurou contato com a cidadã brasileira e as autoridades locais. Paralelamente, diante da informação de dupla nacionalidade brasileira e espanhola, a embaixada do Brasil coordenou-se com a embaixada da Espanha, que informou estar prestando assistência consular às vítimas", apontou.