A antiga guerrilha de esquerda de El Salvador anunciou, nesta segunda-feira (4), uma "reorganização total" após os maus resultados eleitorais, um dia depois das eleições municipais vencidas por partidos aliados do presidente Nayib Bukele, nas quais não elegeu nenhum prefeito.

"Depois destes resultados deve haver um novo começo, uma reorganização total de nosso projeto político, olhando para o futuro", declarou o secretário-geral da Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional (FMLN), Óscar Ortiz, em coletiva de imprensa.

No pleito geral de 4 de fevereiro, Bukele foi reeleito com 84,65% dos votos, enquanto o candidato do FMLN, Manuel Flores, obteve apenas 6,5%. O partido Novas Ideias, do mandatário, ganhou 54 das 60 cadeiras do Congresso e a FMLN nenhuma.

Após as eleições municipais de domingo, Bukele proclamou que obteve, com seus partidos aliados, 43 dos 44 conselhos municipais do país e a FMLN não ganhou nenhum, embora o Tribunal Supremo Eleitoral ainda não tenha encerrado a apuração.

"Os resultados não têm sido os mais favoráveis para nós, em termos de ganhar formalmente prefeitos ou conselheiros", reconheceu Ortiz.

A renovação passará por "estabelecer novas formas de trabalho, de organização e de como vincular" com os distintos setores, assegurou.

"É como planejar um novo começo, cada crise deve ser encarada como uma oportunidade, este não é o fim, é o encerramento de uma etapa, é o fechamento de um período, e precisamos iniciar outro, esta esquerda tem que se repensar e repensar sua conexão com o povo salvadorenho", destacou.

Após o fim de 12 anos de guerra civil em 1992, o FMLN se desmobilizou e se transformou em um partido político. Contudo, desde 2016, enfrenta um desgaste pelos processos judiciais por corrupção contra dois ex-presidentes salvadorenhos desse partido, Mauricio Funes (2009-2014) e Salvador Sánchez Cerén (2014-2019).

Ambos os ex-mandatários fugiram do país e se estabeleceram na Nicarágua, onde o presidente Daniel Ortega lhes concedeu a nacionalidade nicaraguense.

Em 2017, o FMLN expulsou de suas fileiras Bukele, então prefeito de San Salvador, que nas eleições de 2019 rompeu com o bipartidarismo direita-esquerda que imperava no país desde o término da guerra civil.

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