As autoridades da Venezuela libertaram, nesta segunda-feira (11), um sindicalista do setor da educação detido em janeiro, acusado de "conspiração" contra o governo do presidente Nicolás Maduro, confirmaram à AFP organizações que defendem "presos políticos". 

Víctor Venegas, presidente do sindicato dos trabalhadores da educação (Fenatev) do estado de Barinas (oeste), foi "libertado sob medidas cautelares", afirmaram advogados do Fórum Penal e da Coalizão pelos Direitos Humanos e a Democracia. 

Não se sabe quais são estas medidas, mas normalmente é aplicado um regime de apresentação periódica nos tribunais.

Venegas foi preso em 17 de janeiro junto com outros dois líderes sindicais, um deles seu irmão, "libertado na semana passada", segundo o vice-presidente da ONG "Foro Penal", Gonzalo Himiob. 

O procurador-geral, Tarek William Saab, acusou o sindicalista de estar "envolvido no desenvolvimento de atividades contra a paz da República" e de fazer parte "de um núcleo que procurava tornar o estado de Barinas o epicentro de ações violentas". 

Em um vídeo que circulou nas redes sociais, supostamente antes da sua prisão, Venegas denunciou que a sede sindical onde se encontrava foi tomada de forma violenta pelas forças de segurança.

"Temos um ataque das forças policiais, estão entrando na Fenatev com tudo, estão derrubando a porta", disse no vídeo, enquanto colegas tentavam bloquear a passagem dos agentes. 

"Não fizemos absolutamente nada de errado, o que fizemos foi defender os trabalhadores. Não vou me esconder!", expressou então. "Nos levarão sequestrados, por isso peço à opinião pública solidariedade, respeito e peço aos professores: saiam às ruas para protestar". 

Os professores da Venezuela protestaram nos últimos meses por melhores salários.

Por supostos atos conspiratórios, as autoridades venezuelanas detiveram 36 cidadãos até o final de janeiro, incluindo três diretores de campanha da opositora María Corina Machado e a ativista de direitos humanos Rocío San Miguel. 

Um quarto dirigente da campanha de Machado foi detido na manhã de sábado, também acusado de conspiração. 

Machado rejeitou essas acusações. 

Em dezembro, mais de vinte "presos políticos" foram libertados em uma troca de prisioneiros acordada com os Estados Unidos.

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