O partido no poder da Venezuela se prepara para anunciar neste sábado(16) o presidente Nicolás Maduro como seu candidato à reeleição, mas contra quem? A oposição está em uma encruzilhada após a exclusão da candidata que poderia vencer a disputa.

Mais de quatro milhões de membros do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), liderado por Maduro, decidiram nomear o presidente de 61 anos para um terceiro mandato de seis anos nas eleições de 28 de julho. 

O ato é uma formalidade, Maduro faz campanha há semanas e multiplica suas aparições públicas, o que até recentemente era uma exceção. Herdeiro político do falecido Hugo Chávez, os dois somam um quarto de século à frente da socialista Venezuela. 

A oposição corre contra o tempo para definir um nome que possa ser indicado diante da iminente rejeição oficial da candidatura de María Corina Machado, favorita nas pesquisas, mas inabilitada para ocupar cargos públicos. 

A candidata de centro-direita, porém, descarta abandonar o processo por enquanto e continua em campanha.

- Colapso econômico e sanções -

Em fevereiro, o chavismo comemorou 25 anos no poder, os últimos 11 liderados por Maduro após a morte de Chávez em 2013. 

Sua presidência foi marcada por acusações de violações dos direitos humanos, sanções internacionais, o colapso da economia - o PIB contraiu 80% em uma década - e a migração de mais de sete milhões de pessoas que fogem da fome e da pobreza. 

Também neutralizou qualquer ameaça a seu poder, como a chamada presidência interina de Juan Guaidó, exilado nos Estados Unidos, e agora Machado, a quem o governo acusa de corrupção e de pedir uma invasão estrangeira, embora ela negue. 

A reeleição de Maduro em 2018 foi considerada "fraudulenta" pela oposição, que boicotou as eleições, pela União Europeia (UE) e pelos Estados Unidos, que impuseram uma bateria de sanções para tentar, sem sucesso, retirá-lo do poder.

- "Induzir a erros" -

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) anunciou o convite para missões de observação da União Europeia e de outros atores, embora até agora não tenha feito um chamado formal. 

A inscrição dos candidatos foi marcada para 21 a 25 de março, o que deixa pouca margem para a principal coligação da oposição, a Plataforma Unitária, que também pode perder sua participação eleitoral após um pedido de veto ao Supremo Tribunal.

O governo "procura induzir a oposição e a comunidade internacional a erros, especialmente com o controle do calendário eleitoral", explicou à AFP Mariano de Alba, conselheiro do International Crisis Group.

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