Pessoas fogem de área onde acontece bombardeio em Gaza -  (crédito:  AFP)

Pessoas fogem de área onde acontece bombardeio em Gaza

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O Exército de Israel iniciou uma operação nesta segunda-feira (18) no maior hospital da Faixa de Gaza e em suas imediações. Testemunhas relataram ataques aéreos e a presença de tanques perto do complexo médico, onde milhares de civis estão refugiados.

A operação no hospital Al Shifa, na cidade de Gaza (norte), acontece de modo paralelo aos esforços para alcançar uma trégua na guerra entre Israel e Hamas, que começou há mais de cinco meses.

O diretor do serviço de inteligência israelense, o primeiro-ministro do Catar e funcionários de alto escalão do governo do Egito devem se reunir em Doha para dar prosseguimento às negociações, informou uma fonte que acompanha as conversações.

 

 

A guerra começou em 7 de outubro, com o ataque sem precedentes do Hamas no sul de Israel, onde os combatentes do grupo assassinaram 1.160 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em números divulgados pela autoridades israelenses.

 

 

Os milicianos islamistas também sequestraram mais de 250 pessoas, entre israelenses e estrangeiros. Israel afirma que 130 continuam retidos em Gaza, incluindo 33 que teriam sido mortos.

Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas que considera como um grupo terrorista, assim como Estados Unidos e União Europeia.

O Ministério da Saúde de Gaza, governado pelo movimento islamista, afirma que a ofensiva israelense matou 31.726 pessoas no território palestino até o momento, incluindo 81 nas últimas 24 horas.

O Exército israelense anunciou nesta segunda-feira que 250 soldados morreram desde o início da ofensiva terrestre em Gaza, em 27 de outubro, o último deles durante a operação em Al Shifa.

Saída "imediata" 

"A operação é baseada em informações sobre o uso do hospital por terroristas de alto escalão do Hamas", afirmou o Exército, que pediu à população civil que abandone "imediatamente" a área do hospital Al Shifa, siga para a estrada da costa em direção ao sul, "até a zona humanitária de Al Mawasi".

Os combates começaram durante a madrugada nas imediações do hospital, onde o Exército efetuou uma operação em 15 de novembro.

Desde o início da guerra, o Exército israelense executou operações em diversos hospitais do território palestino, sob a acusação de que o Hamas utiliza as instalações médicas como centros de comando.

Testemunhas confirmaram à AFP "operações aéreas" no bairro de Al Rimal, onde fica o hospital. Alguns moradores afirmaram que "mais de 45 tanques e veículos blindados de transporte de tropas israelenses" entraram na área.

"Os soldados identificaram terroristas atirando contra eles a partir de vários edifícios do hospital. Os soldados responderam aos terroristas e atingiram vários deles", afirmou o Exército.

O hospital funciona com capacidade mínima e com uma equipe reduzida. Menos de um terço dos hospitais do território, cercado e à beira da fome, estão em funcionamento, mas apenas de maneira parcial, segundo a ONU.

Em Rafah, cidade do extremo sul, os quase de 1,5 milhão de palestinos aglomerados, segundo as Nações Unidas, vivem sob a ameaça de uma ofensiva terrestre.

"Nenhuma pressão internacional impedirá que alcancemos todos os objetivos da nossa guerra", reiterou no domingo o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, antes de garantir que não iniciará a operação "deixando a população presa".

"Antes da guerra, Gaza era a maior prisão a céu aberto. Agora é o maior cemitério a céu aberto", lamentou o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell.

Ajuda humanitária ameaçada

Diante da intransigência das duas partes, os mediadores internacionais - Estados Unidos, Catar e Egito - tentam alcançar uma nova trégua, similar à pausa do fim de novembro.

O grupo islamista afirmou que está disposto a aceitar uma trégua de seis semanas e a libertar a 42 reféns israelenses em troca da liberação de entre 20 a 50 palestinos por cada refém.

Também exige a "retirada do Exército de todas as cidades áreas habitadas", o "retorno dos deslocados" e a entrada diária de 500 caminhões de ajuda humanitária em Gaza, segundo um de seus dirigentes.

Netanyahu afirmou que não aceitará nenhum acordo que "enfraqueça Israel e impeça o país de se defender".

Israel controla a ajuda que entra no território, principalmente a partir do Egito através de Rafah, mas os insumos que chegam à população são insuficientes.

Um relatório apoiado pela ONU publicado nesta segunda-feira afirma que quase 1,1 milhão de palestinos enfrentam o nível mais grave de insegurança alimentar.

"A fome é iminente nas províncias do norte (...) e se prevê que aconteça a qualquer momento entre meados de março e maio de 2024", afirmou a Classificação Integrada das Fases de Segurança Alimentar (CIF).

A ONG Oxfam destacou que Israel impede "deliberadamente" a entrada de ajuda, em violação ao direito internacional humanitário, e denunciou protocolos de inspeção "injustificavelmente ineficazes e ataques contra trabalhadores humanitários".