Milhares de manifestantes de diferentes organizações sociais exigiram nesta segunda-feira (18) na Argentina que a entrega de alimentos aos restaurantes comunitários públicos seja restabelecida. Em Buenos Aires, houve incidentes com a polícia.
Os 500 cortes convocados em todo o país começaram na manhã de hoje. Nas proximidades de dois acessos à capital, houve choques com as forças de segurança, que terminaram com manifestantes, jornalistas e efetivos feridos.
"A fome é terrível. Viemos aqui reclamar porque há quatro meses não nos entregam a mercadoria nos restaurantes populares e as crianças estão precisando", disse María Medina, da organização de esquerda Polo Obrero.
“A fome é o limite”, foi o slogan divulgado na convocação feita pela União de Trabalhadores da Economia Popular (Utep) em suas redes sociais: “Vamos aprofundar nosso plano de luta frente à falta absoluta de resposta do governo diante da emergência alimentar e do ajuste à economia popular".
Desde que assumiu o cargo, em 10 de dezembro, Milei lançou um ajuste fiscal que resultou em um superávit financeiro em janeiro e fevereiro, algo inédito desde o começo de 2011. O outro lado é uma tensão social crescente, alimentada por demissões, queda de pensões, aumento de preços de alimentos e medicamentos e um golpe nas tarifas de serviços públicos devido à eliminação de subsídios.
Alguns restaurantes comunitários relatam que receberam a última leva de alimentos em novembro. Desde então, dependem de doações e ajudas municipais para atender a cada vez mais pessoas.
O governo argumentou que busca chegar aos mais vulneráveis por meio de ajuda direta e evitar a intermediação de organizações sociais, a maioria opositora do governo, as quais considera “gerentes da pobreza”.
O Ministério de Capital Humano iniciou uma pesquisa "para a compra transparente de alimentos”, e os centros comunitários denunciam que, enquanto isso, as entregas estão suspensas em cerca de 40 mil restaurantes de todo o país.
O líder governista Ramiro Marra divulgou um vídeo na rede social X que mostra um caminhão lançando jatos d'água contra manifestantes e elogiou o trabalho da polícia para impedir o bloqueio de vias.
A organização Anistia Internacional (AI) apresentou hoje um relatório sobre os primeiros 100 dias do governo Milei, que serão lembrados amanhã, no qual ressalta que seu governo “soma um novo modelo de liderança de não diálogo e violência permanente”.
tev/lm/llu/lb