O líder do principal partido de esquerda europeu, Walter Baier, afirmou que é hora de "negociar" e pôr fim à guerra provocada pela invasão russa na Ucrânia, e que apoiava as recentes declarações do papa Francisco.
O pontífice pediu na semana passada a Kiev que tivesse "a coragem de hastear a bandeira branca e negociar" com a Rússia, que invadiu a ex-república soviética em fevereiro de 2022.
"Acredito que ajudar o povo ucraniano significa fazer esforços para tentar acabar com a guerra", declarou Baier, nomeado no final de fevereiro como candidato à Presidência da Comissão Europeia pelo Partido da Esquerda Europeia (EL).
O político, um comunista austríaco de 70 anos, falou durante uma entrevista nesta segunda-feira (18) com a "European Newsroom", que reúne agências de notícias europeias, incluindo a AFP.
Baier afirmou que seu partido - que tem 26 membros, entre eles o alemão Die Linke, os comunistas franceses e o grego Syriza - "condena absolutamente a agressão russa" em seu manifesto para as eleições europeias de junho.
Durante a entrevista, ele também lembrou que as frentes "congeladas" da Ucrânia precisavam de uma nova abordagem.
"Gostaria que a União Europeia [...] fizesse esforços diplomáticos para iniciar negociações visando a um cessar-fogo e à retirada das tropas russas", disse.
"Nesse sentido, apoio plenamente o que disse o papa Francisco. É hora de acabar com a guerra, é hora de negociar e parar de matar", afirmou.
As declarações do pontífice à emissora suíça RTS, divulgadas em 9 de março, causaram indignação em Kiev.
Diante das pesquisas de opinião que preveem um aumento da extrema direita nas eleições europeias, Baier considerou que há uma "obrigação moral e cultural" de combater essas ideias.
"Mas combater a extrema direita requer políticas sociais fortes, respeito pelos interesses das classes populares", disse, insistindo na importância de "libertar as gerações jovens da ameaça da precariedade" e "permitir o acesso a habitações decentes e acessíveis".
O Partido da Esquerda Europeia é o maior dos dois partidos de esquerda no Parlamento Europeu, juntamente com outro grupo que inclui membros como o Podemos, da Espanha, e o França Insubmissa.
Ambos fazem parte do movimento de 37 legisladores que compõem o Grupo da Esquerda no Parlamento Europeu - GUE/NGL.
As pesquisas indicam um aumento dos movimentos de extrema direita nas eleições de junho do bloco de 27 Estados membros.
O Parlamento Europeu atualmente tem 705 assentos, que aumentarão para 720 após as eleições de 2024.
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