A Ucrânia anunciou que derrubou 31 mísseis russos lançados nesta quinta-feira (21) na direção de Kiev, no maior ataque contra a capital do país nas últimas semanas, depois que Moscou prometeu vingança contra os bombardeios ucranianos nas regiões fronteiriças da Rússia.

Após os ataques na capital ucraniana e sua região, que deixaram 17 feridos, o presidente Volodimir Zelensky pediu mais uma vez aos aliados ocidentais que enviem mais sistemas antiaéreos, no mesmo dia de uma reunião de cúpula da UE em Bruxelas que examinará o apoio militar do bloco a Kiev.

"Este terror prossegue dia e noite", afirmou Zelensky em uma mensagem no Telegram. Mas "é possível acabar com isso com a unidade global", acrescentou.

"A Ucrânia precisa desta proteção agora. De Kiev a Kharkiv, de Sumy a Kherson, de Odessa à região de Donetsk. É completamente possível se os nossos aliados demonstrarem vontade política suficiente", insistiu

"Todos os mísseis foram derrubados na região de Kiev", afirmou a Força Aérea ucraniana, que explicou que entre os projéteis russos estavam dois mísseis balísticos Iskander e 29 mísseis de cruzeiro.

Segundo as autoridades ucranianas, os destroços dos mísseis deixaram 17 feridos, 13 na capital e quatro nas imediações de Kiev.

O Exército da Rússia anunciou, por sua parte, que os alvos foram "centros de decisão, bases logísticas e pontos de mobilização temporária" das forças ucranianas. Um comunicado militar afirma que "todos os objetivos" foram alcançados.

Correspondentes da AFP em Kiev ouviram fortes explosões a partir das 5H00 (0H00 de Brasília), assim como disparos da defesa antiaérea.

Zelensky publicou um vídeo que mostra janelas de edifícios residenciais destruídas e escombros nas ruas, com os bombeiros tentando controlar focos de incêndio.

O ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmitro Kuleba, pediu ao Congresso dos Estados Unidos para "salvar vidas" com a liberação de 60 bilhões de dólares de ajuda a Kiev, uma verba bloqueada há vários meses devido às disputas políticas entre democratas e republicanos. 

Os dirigentes europeus se reúnem nesta quinta-feira e na sexta-feira em Bruxelas para debater a melhor maneira de ajudar a Ucrânia e, ao mesmo tempo, como reforçar a defesa do bloco.

- Putin promete vingança -

Este foi o primeiro grande ataque contra Kiev e a sua região desde o início de fevereiro e aconteceu depois que a Ucrânia intensificou os bombardeios nas regiões de fronteira da Rússia, em particular Belgorod. 

Nesta região, um bombardeio ucraniano deixou cinco feridos na quinta-feira.

"Na cidade de Belgorod, mais de 30 apartamentos e seis edifícios residenciais foram atingidos por um bombardeio das Forças Armadas ucranianas", afirmou o governador regional, Viacheslav Gladkov, no Telegram.

Ele divulgou imagens que mostram fachadas destruídas e janelas quebradas em blocos de apartamentos.

O presidente Vladimir Putin disse na semana passada, após uma série de ataques de drones, foguetes e artilharia de Kiev contra o território russo, que "os ataques do inimigo não ficarão impunes".

Ele prometeu restaurar a "segurança" nas zonas fronteiriças e insistiu que a Rússia tem "um plano" para conquistar a vitória contra Kiev.

O FSB (Serviço Federal de Segurança) anunciou na quinta-feira a detenção de um cidadão russo em Belgorod acusado de preparar "atos terroristas contra o Exército".

O homem seria integrante do Corpo de Voluntários Russos, uma milícia pró-Ucrânia que reivindicou incursões em território russo na semana passada, segundo a imprensa estatal.

Na linha de frente, as forças russas continuam avançando lentamente, contra um Exército ucraniano cada vez mais desgastado devido à falta de homens e munições.

A Rússia reivindicou nesta quinta-feira a captura da localidade de Tonenke, ao oeste de Avdiivka, uma cidade da frente leste que as tropas de Moscou ocuparam no início deste mês, após uma longa batalha.

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