No coração de Manhattan, o Café Joyeux, uma cadeia francesa de restaurantes "inclusivos" que contrata pessoas com autismo e síndrome de Down, é uma raridade em um mercado praticamente fechado a pessoas com deficiência mental e cognitiva.

Localizado na esquina de uma das principais avenidas deste bairro de imponentes arranha-céus, o Café Joyeux Lexington que ocupa desde janeiro um espaço luminoso e harmonioso, será inaugurado nesta quinta-feira (21) pelo fundador desta empresa social francesa, Yann Bucaille-Lanrezac. 

"Chegamos com grande humildade", diz à AFP o empresário britânico que, com sua esposa Lydwine Bucaille, abriu o primeiro Café Joyeux em Rennes (oeste de França) em 2017, seguido de outros 14 na França, quatro em Portugal e um na Bélgica.

A rede conta com 169 "membros de equipe" na Europa com algum tipo de deficiência mental e transtornos cognitivos. Nos Estados Unidos, empregam 14 pessoas com autismo, distúrbios cognitivos e síndrome de Down. 

"Recorremos à ajuda de especialistas em questões de inclusão, diversidade e deficiência mental, em particular as organizações AHRC e Autism Speaks, estabelecidas em Nova York há décadas" e que trabalham pela integração social de pessoas "neurodivergentes", explica o proprietário.

Um dos funcionários do estabelecimento localizado no distrito de Midtown Manhattan, Peter Anderson Jr, lamenta a falta de empregos para pessoas neurodivergentes.

"Temos os mesmos direitos que qualquer outra pessoa que trabalha", reforça o jovem na cada dos vinte anos que atua como garçom, lavador de pratos e barista.

Segundo estatísticas oficiais, há sete milhões de adultos nos Estados Unidos com deficiências mentais e cognitivas, 80% deles são excluídos do mercado de trabalho. 

"É muito difícil para nós encontrar trabalho, mesmo sendo qualificados ou superqualificados. Basta dizer 'sou autista ou tenho síndrome de Down' e eles não vão te contratar. Eles nos veem como um peso e isso é injusto", conta à AFP Rachel Barcellona, uma jovem autista com diploma universitário e "Miss Flórida" 2023.

Para o idealizador do Café Joyeux, seus novos funcionários nova-iorquinos "têm espaço para progredir, demonstrar que no coração de uma cidade com clientes muito exigentes e apressados, podem gerar valor e oferecer um produto e um serviço de qualidade".

Giovana Mullins, cliente do estabelecimento, diz estar encantada.

"Mesmo que você não saiba o que é esse café (feliz), você pode sentir a energia e a alegria que ele exala", conta ela, que trabalha com pessoas com deficiência e lamenta o serviço mínimo oferecido pelas grandes redes de café americanas em cada esquina de Nova York. 

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