O Conselho de Segurança da ONU volta a votar, nesta segunda-feira (25), um projeto de resolução para um "cessar-fogo imediato" em Gaza, um apelo bloqueado várias vezes pelos Estados Unidos, embora recentemente tenha começado a mudar de tom com o seu aliado israelense. 

A China, membro permanente do Conselho, anunciou nesta segunda-feira o seu apoio ao novo projeto. 

"Esperamos que o Conselho de Segurança o aprove o mais rápido possível e envie um sinal forte para o fim das hostilidades", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lin Jian, parabenizando "a Argélia e outros países árabes pelo seu trabalho". 

Rússia e China vetaram na sexta-feira um projeto de resolução proposto pelos Estados Unidos, que salientava a "necessidade" de um "cessar-fogo imediato" em Gaza.

A proposta americana vinculava este cessar-fogo à libertação dos reféns capturados pelo Hamas no seu ataque a Israel em 7 de outubro, que desencadeou o atual conflito. 

O texto americano não apelava explicitamente a um cessar-fogo imediato e utilizava termos ambíguos, segundo os países árabes, a China e a Rússia. 

O novo projeto de resolução é fruto do trabalho dos membros não permanentes do Conselho, que negociaram ao longo do fim de semana com os Estados Unidos para tentar evitar um novo fracasso, segundo fontes diplomáticas, que manifestaram um certo otimismo quanto ao resultado da votação.

A resposta israelense ao ataque do Hamas deixou pelo menos 32.333 mortos na Faixa de Gaza, segundo o Ministério da Saúde do movimento islamista palestino, que governa o enclave.

- Libertação incondicional de reféns  -

A última versão do texto, à qual a AFP teve acesso no domingo, "exige um cessar-fogo imediato para o mês do Ramadã" – que já começou há quinze dias – "que conduza a um cessar-fogo duradouro e permanente" e "exige a libertação imediata e incondicional de todos os reféns".

Segundo Israel, cerca de 130 pessoas das 250 sequestradas ainda são reféns em Gaza, das quais 33 teriam morrido.

Ao contrário do texto americano rejeitado na sexta-feira, não estabelece um vínculo entre essas exigências e os esforços diplomáticos do Catar, Estados Unidos e Egito, embora "reconheça" a existência destas negociações que visam uma trégua acompanhada de uma troca de reféns e prisioneiros palestinos.

O novo projeto de resolução pede também a "remoção de todos os obstáculos" à ajuda humanitária, necessária para que os 2,4 milhões de habitantes de Gaza não morram de fome.

Muito dividido há anos sobre a questão israelense-palestina, o Conselho de Segurança adotou apenas duas resoluções desde 7 de outubro, das oito submetidas à votação, embora de caráter essencialmente humanitário. 

O novo projeto de texto também condena "todos os atos de terrorismo", mas não menciona os ataques do Hamas de 7 de outubro, que mataram pelo menos 1.160 pessoas, a maioria delas civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados de autoridades israelenses.

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