Uma ofensiva militar no sudoeste da Colômbia contra a maior dissidência da extinta guerrilha Farc resultou em oito mortes até esta terça-feira (26), afirmou à AFP um alto comandante do exército, após a decisão do governo de suspender uma trégua com esse grupo.
Durante a última semana, a operação deixou "oito mortos e 17 feridos", disse o comandante das Forças Militares na região de Cauca, general Federico Mejía.
As baixas, segundo Mejía, ocorreram no conflituoso Cañón del Micay, em Cauca, território controlado pelas dissidências há anos. Entre os "afetados" estão vários menores de idade, acrescentou o general com base na interceptação de comunicações entre os rebeldes.
Nesta terça, Cañón del Micay estava calmo, constatou um jornalista da AFP.
Os dissidentes do Estado-Maior Central (EMC), formado por rebeldes que se recusaram a assinar o acordo de paz de 2016, estão em diferentes áreas da Colômbia, embora tenham maior presença nos departamentos de Cauca, Valle del Cauca e Nariño, regiões do sudoeste do país onde há abundância de plantações de coca e rotas clandestinas para o oceano Pacífico.
"Nesses três departamentos [...] temos mais de 32 mil homens para garantir a segurança", disse o comandante geral das Forças Militares, Helder Giraldo, responsável pela chamada Operação Mantus, em uma coletiva de imprensa no sábado.
Além disso, foram mobilizados "meios aéreos como o Avião Fantasma, drones e helicópteros UH60 Black Hawk", assim como embarcações da Marinha nos rios que desembocam no Pacífico, segundo um comunicado do Exército.
Desde o início da operação em 20 de março, houve "combates constantes" e "11 operações em profundidade" contra as dissidências, detalhou Mejía.
Os rebeldes "lançam armas não convencionais (...) em diferentes direções ou disparam metralhadoras para poder localizar a resposta da força pública", explicou.
O governo colombiano rompeu em 18 de março um cessar-fogo com o EMC nos três departamentos onde agora ocorre a operação. As partes estão em negociações desde o final de 2023, mas o assassinato de uma líder indígena desencadeou a crise há 10 dias.
Os diálogos continuam, embora o presidente Gustavo Petro tenha endurecido seu discurso contra essa organização.
O EMC reúne cerca de 3.500 combatentes e controla rotas de tráfico de drogas nas fronteiras com o Equador e a Venezuela, de acordo com a inteligência militar.
Apesar do desarmamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), considerada a organização rebelde mais poderosa da América, o conflito persiste no país e deixa mais de nove milhões de vítimas em seis décadas.
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