O primeiro-ministro Alberto Otárola, o homem forte do governo do Peru, enfrenta um escândalo que ameaça derrubá-lo por suposto tráfico de influência a favor de uma mulher a quem supostamente chama de "amor" em áudios divulgados pela imprensa local.
Após a publicação das gravações pelo programa de televisão Panorama no fim de semana, a presidente Dina Boluarte ordenou o retorno de Otárola de uma missão oficial no Canadá, que se espera para esta terça-feira.
Otárola, um habilidoso político e advogado de 57 anos, atua como braço direito de Boluarte desde 22 de dezembro de 2022.
Casado e pai de cinco filhos, o chefe de gabinete negou qualquer irregularidade e alegou ser vítima de uma campanha para derrubá-lo.
"Entendo a gravidade da conjuntura política, mas reitero que não cometi nenhum ato ilegal", escreveu na rede social X na segunda-feira.
O Panorama revelou os áudios com a suposta voz de Otárola expressando afeto por uma mulher que este ano obteve dois contratos com o Estado no valor de 53.000 sóis (cerca de R$ 69,2 mil).
"Diga, amor, para conversar. Você sabe que essas coisas incomodam, irritam, mas você sabe que eu também te amo", supostamente se ouve o primeiro-ministro dizer à jovem de 25 anos.
Em comunicado, a Presidência peruana antecipou que ouvirá as explicações do funcionário para "adotar as decisões que correspondam".
A mulher mencionada nos áudios, Yaziré Pinedo, afirmou nesta terça-feira que os áudios não são recentes, mas de 2021, quando Otárola não era funcionário do governo. No entanto, ela admitiu na época ter tido uma "relação talvez sentimental" de alguns dias com o hoje primeiro-ministro.
O escândalo foi explorado por grupos de direita e esquerda no Congresso, onde o governo não tem bancada, que exigem a renúncia de Otárola.
A promotoria anunciou na rede social X que investigará Otárola pelos crimes de "negociação incompatível, em prejuízo do Estado" e "patrocínio ilegal".
"O primeiro-ministro Otárola vai resistir a esta tempestade? [...] O que me faz pensar é que Dina Boluarte ratifica sua incapacidade de governar e isso requer antecipar-se à crise", disse nesta terça-feira o analista Augusto Alvarez em seu programa Claro y Directo no YouTube.
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