O ex-presidente de Honduras, Juan Orlando Hernández, prestou depoimento nesta terça-feira (5) em um tribunal de Nova York, onde está sendo julgado por conspirar para traficar drogas e armas, crimes que podem resultar em prisão perpétua se ele for considerado culpado.

Exibindo confiança e tranquilidade, Hernández, de 55 anos, tenta desacreditar as declarações feitas contra ele por uma dúzia de testemunhas da promotoria nas duas primeiras semanas do julgamento, que tem gerado enorme expectativa em Honduras e outros países da região.

Entre aqueles que o apontaram, estão proeminentes traficantes como Devis Leonel Rivera, um dos líderes do poderoso cartel de Los Cachiros, e o ex-prefeito do município de El Paraíso (departamento de Copán), Alexander Ardón, de seu próprio partido político.

Três generais do Exército foram apresentados pela defesa como testemunhas. Dois deles enfrentam potenciais problemas com a justiça militar em Honduras, depois que o Estado-Maior declarou, na segunda-feira, que haviam saído "ilegalmente" do país sem autorização das autoridades competentes.

A defesa do ex-presidente, liderada pelo advogado Raymond Colon, se baseia nas leis e medidas adotadas durante seus dois mandatos (2014-2022) para combater o narcotráfico e o crime organizado no país centro-americano, afetado pela violência, corrupção e o poder do tráfico.

Além disso, lembrou que as primeiras extradições de acusados de tráfico de drogas ocorreram a partir de 2014, embora o tratado de extradição tenha sido reativado dois anos antes, durante o governo de Porfirio "Pepe" Lobo (2010-2014).

Desde então, segundo Hernández e sua defesa, Honduras extraditou 24 pessoas. Outros pedidos ainda estavam pendentes, pois os três acusados estavam em local desconhecido.

Eles apontaram ainda que as primeiras grandes apreensões de drogas também ocorreram durante seu governo.

Assim que a defesa concluir o interrogatório, será a vez da promotoria, possivelmente ainda nesta terça-feira.

Não é obrigatório que o acusado testemunhe em um processo criminal. Pouco antes da decisão final da defesa, o juiz lembrou que não depor "não significa que o réu esteja assumindo sua culpa".

Inicialmente, está previsto que nesta quarta-feira a promotoria e a defesa apresentem seus argumentos finais antes de o júri começar a deliberar. Sua decisão precisa ser unânime.

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