O presidente americano, Joe Biden, defendeu firmemente os direitos reprodutivos em seu discurso anual no Congresso na quinta-feira (7), alertando aos legisladores republicanos antiaborto sobre o "poder das mulheres" e reforçando que esta questão será crucial nas eleições de novembro.

A Casa Branca tem enfatizado a deterioração das liberdades reprodutivas há quase dois anos, desde que a Suprema Corte americana, dominada por conservadores, revogou a histórica decisão Roe vs. Wade, de 1973, que reconhecia o direito federal ao aborto.

Os direitos reprodutivos foram destacados durante o discurso de Biden sobre o Estado da União, uma vez que o tema mobilizou as bases do partido. Diversas mulheres que tiveram suas vidas afetadas pela política restritiva de cuidados reprodutivos participaram do evento como convidadas.

"Como a maioria dos americanos, acredito que Roe vs. Wade fez o correto", disse Biden.

"Claramente aqueles que se vangloriam de revogar" essa garantia constitucional "não têm ideia do poder das mulheres nos Estados Unidos", mas "descobriram quando a liberdade reprodutiva esteve nas cédulas eleitorais e venceu em 2022 e 2023, e voltarão a descobrir em 2024", afirmou o presidente.

Biden prometeu que se os americanos elegerem congressistas que apoiem o direito de escolha, restaurará a garantia ao aborto "como a lei federal novamente".

Apesar de um católico devoto, Biden tem demonstrado apoio à descriminalização do aborto.

- "Caos" -

Sentadas ao lado da primeira-dama, Jill Biden, duas figuras de destaque na luta pelos direitos reprodutivos foram destacadas pelo presidente americano.

Entre elas, Kate Cox, uma mãe do Texas que no ano passado apresentou um processo por seu direito ao aborto, mas foi forçada a viajar para outro estado para interromper de forma emergencial sua gravidez de risco.

O estado do Texas proíbe todos os abortos, com raras exceções, e os médicos, receosos pelas consequências legais, disseram a Cox que estavam de mãos atadas.

Biden também se referiu ao ex-presidente e seu possível adversário nas eleições, Donald Trump, como a "razão" pela qual a garantia ao aborto "foi revogada", denunciando "o caos" provocado por ele.

"Muitos de vocês nesta câmara, e meu antecessor, estão prometendo que aprovarão uma proibição nacional à liberdade reprodutiva. Meu Deus, que (outra) liberdade eles vão tirar?", questionou.

Outra convidada foi Latorya Beasley, do Alabama, cujo processo de fertilização in vitro (FIV, na sigla em inglês) foi interrompido quando a Suprema Corte daquele estado decidiu, em fevereiro, que os embriões congelados deveriam ser considerados crianças.

Elizabeth Carr, a primeira pessoa a nascer por fertilização in vitro nos Estados Unidos, em 1981, também fez um discurso perante o Congresso.

A fertilização in vitro tem sido uma questão contraditória para a oposição republicana, que se define como "pró-vida", mas se opõe em grande medida à decisão do Alabama.

Após receber uma resposta dura sobre os impactos da decisão, incluindo de Trump, o governador do Alabama aprovou, quarta-feira, um projeto de lei que protege pacientes e clínicas de fertilidade de processos judiciais.

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