A França registrou ataques hackers de “intensidade inédita” em vários ministérios, informou nesta segunda-feira (11) o governo francês à AFP, acrescentando que o impacto da maioria deles “foi reduzido”.

“Desde ontem (domingo) à noite, vários serviços do Estado são alvos de ciberataques com métodos técnicos clássicos, mas com uma intensidade inédita”, indicou o gabinete do primeiro-ministro, Gabriel Attal. 

Segundo essa fonte, foi ativada “uma célula de crise” para aplicar contramedidas e, “por enquanto, o impacto desses ataques foi reduzido na maioria dos serviços e foi restabelecido o acesso aos sites” estatais.

Ainda não foi apontada oficialmente a origem dos ataques, mas alguns grupos de hackers os reivindicaram, entre eles o Anonymous Sudan, que apoia a Rússia e causas islamistas.

Pelo Telegram, o grupo afirmou ter realizado um ataque distribuído de negação de serviço (DDoS) - que bloqueia o acesso aos sites sobrecarregando-os de solicitações - contra a infraestrutura da rede do governo.

"Fizemos um ciberataque em massa (...) O prejuízo será generalizado", escreveu o Anonymous Sudan, conhecido por ter atacado no ano passado páginas na internet de países como Suécia, Dinamarca e Israel.

Essa reivindicação é "crível", indicou à AFP uma fonte familiarizada. Outra fonte segura, porém, recomendava precaução.

A agência francesa de segurança informática Anssi disse no final de fevereiro que o nível de ameaça digital aumentou em 2023 e que temia que os Jogos Olímpicos de 2024 fornecessem aos hackers oportunidades para agir.

As eleições do Parlamento Europeu, previstas para 9 de junho, também representam “um alvo considerável” de manipulação estrangeira, alertou na quarta-feira o secretário-geral de Defesa e Segurança Nacional, Stéphane Bouillon.

Essa secretaria tem programada para 29 de março uma reunião com todos os partidos políticos franceses para sensibilizá-los sobre as “ameaças híbridas” e abordar os riscos de “ciberataques, manipulação da informação e interferência externa”.

O ministro francês de Defesa, Sébastien Lecornu, pediu, em 20 de fevereiro, o reforço das medidas de segurança diante das ameaças de “sabotagem e de ciberataques” russos.

Vários hospitais franceses foram alvos de ataques hackers nos últimos anos. Na França, as instituições públicas nunca pagam resgate, pois a legislação as proíbe.

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