A covid-19 fez com que a esperança de vida média das pessoas em todo o mundo caísse 1,6 ano nos primeiros dois anos da pandemia, uma redução maior do que se pensava, segundo um amplo estudo publicado nesta terça-feira (12, noite de segunda em Brasília).



Isso significa um claro retrocesso após décadas de aumento ininterrupto da esperança de vida global, segundo centenas de pesquisadores que examinaram dados de todo o mundo para o Instituto para Medição e Avaliação da Saúde (IHME, na sigla em inglês) com sede nos Estados Unidos.

"Para os adultos em todo o mundo, a pandemia de covid-19 teve um impacto mais profundo do que qualquer outro evento em meio século, incluindo conflitos e desastres naturais", disse Austin Schumacher, pesquisador do IHME e autor principal do estudo publicado na revista The Lancet.

Durante 2020-2021, a esperança de vida diminuiu em 84% dos 204 países e territórios analisados, "o que demonstrou os impactos devastadores potenciais" dos novos vírus, disse em comunicado.

Os pesquisadores estimaram que a taxa de mortalidade para pessoas maiores de 15 anos aumentou em 22% para os homens e em 17% para as mulheres durante esse tempo.

Cidade de México, Peru e Bolívia foram alguns dos lugares onde a esperança de vida caiu de maneira mais pronunciada.

Mas o estudo Custo Mundial das Doenças do IHME também trouxe algumas boas notícias.

Meio milhão a menos de crianças menores de cinco anos morreram em 2021 em comparação com 2019, o que confirmou uma diminuição a longo prazo da mortalidade infantil.

Um pesquisador do IHME, Hmwe Hmwe Kyu, elogiou este "progresso incrível", que confirma que o mundo deveria se concentrar na "próxima pandemia e em abordar as enormes disparidades em saúde entre os países".

Apesar do retrocesso que a pandemia supôs, as pessoas vivem muito mais tempo. Entre 1950 e 2021, a expectativa média de vida ao nascer aumentou em 23 anos, de 49 para 72, disseram os pesquisadores.

- 16 milhões de mortes relacionadas à covid -

Estima-se que a covid foi responsável por 15,9 milhões de mortes em excesso durante 2020-2021, seja diretamente pelo vírus ou indiretamente devido ao agravamento de outras enfermidades após contrair o vírus SARS-CoV-2, segundo os pesquisadores.

Isso representa um milhão a mais de mortes em excesso das estimadas previamente pela Organização Mundial da Saúde.

As mortes em excesso se calculam comparando o número total de mortes com as que estavam previstas se não tivesse ocorrido uma pandemia.

Barbados, Nova Zelândia e Antígua e Barbuda estiveram entre os países com as taxas mais baixas de mortes em excesso durante a pandemia, o que, em parte, confirma que países insulares se saíram melhor durante a pandemia.

O estudo também mostrou como as populações de muitos países envelhecidos e ricos começaram a diminuir, enquanto continuam crescendo em países menos ricos.

Essa dinâmica "trará desafios sociais, econômicos e políticos sem precedentes, como uma escassez de mão de obra em áreas onde as populações mais jovens estão diminuindo e escassez de recursos em lugares onde o tamanho da população continua se expandindo rapidamente", advertiu Schumacher.

"As nações de todo o mundo vão precisar cooperar em termos de emigração voluntária", acrescentou.

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