Um general israelense que comanda uma brigada na Faixa de Gaza pediu ao governo que se mostre "à altura" dos militares que combatem no território, em uma rara crítica aos líderes políticos do país.

"Deveriam estar à nossa altura", declarou na quarta-feira o general de brigada Dan Goldfus, comandante da 98ª divisão mobilizada em Khan Yunis, sul da Faixa, em uma mensagem aos líderes políticos.

"Não vamos fugir das nossas responsabilidades. Lamentamos nosso fracasso flagrante em 7 de outubro, mas ao mesmo tempo estamos seguindo adiante", declarou à imprensa, antes de pedir aos políticos de Israel que "superem o extremismo e unam-se".

O ataque sem precedentes dos milicianos do Hamas em 7 de outubro em Israel - que deixou 1.160 mortos, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais - evidenciou as falhas dos serviços de inteligência israelenses, que não anteciparam uma operação desta magnitude.

Os comentários, que rompem a tradicional neutralidade dos militares israelenses a respeito do poder político, renderam ao general Goldfus uma convocação por parte do comando militar.

O general também pediu aos líderes políticos que "cada um faça sua parte" no esforço militar, em uma alusão aos judeus ultraortodoxos, que podem evitar o serviço militar.

As declarações do militar provocaram uma tempestade no país.

"Um oficial só deve falar sobre as suas decisões (militares), caso contrário deve abandonar o uniforme", criticou Yoav Segalovitz, deputado centrista da oposição, à rádio pública Kan.

"Combater em Gaza não lhe dá o direito ou a legitimidade para expressar uma posição sobre os temas políticos", escreveu Nahum Barnea no jornal conservador Yedioth Ahronoth.

Como represália ao ataque do Hamas, Israel iniciou uma operação militar na Faixa de Gaza que deixou 31.341 mortos, em sua maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território.

Desde o início da ofensiva terrestre, em 27 de outubro, 249 soldados israelenses morreram no território, segundo da dos oficiais.

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