Terminam neste domingo (17/3) as eleições presidenciais na Rússia, cujo período de votação começou na última sexta-feira. A permanência de Vladimir Putin no poder não está ameaçada, e certamente ele será mantido no cargo mais importante do país. O líder russo tem 71 anos e se mantém no poder desde 1999, se revezando entre os cargos de presidente ou primeiro-ministro.
Nenhum dos outros três candidatos na cédula de votação – que pode ser virtual ou impressa – apresentam chances de abalar a hegemonia de Putin, que pode vir a se tornar o líder mais longevo da Rússia desde o ditador soviético Josef Stalin (1878-1953), o que deve ocorrer em 2028.
Como o mandato presidencial naquele país é de seis anos, Putin deve ficar no comando da nação até 2030, com possibilidades ainda de estender esse prazo, já que o presidente mudou a constituição da Rússia em 2021 para lhe permitir governar até pelo menos 2036, se assim quiser.
A eleição, no entanto, é contestada por ativistas e entidades internacionais, que denunciam desde falta de transparência até o cometimento de fraudes eleitorais.
Várias pessoas foram detidas por vandalismo em locais de votação na sexta-feira. Houve cenas de eleitores jogando corante nelas, uma referência ao ex-opositor Alexei Navalny , que foi atacado com tal corante por apoiadores de Putin em 2017. Navalny foi morto no mês passado. Familiares e apoiadores acreditam que ele tenha sido assassinado na prisão. Outros vários opositores de Putin também morreram ou ficaram gravemente feridos em contextos nebulosos nos últimos anos. O Kremlin, no entanto, nega qualquer participação nestes episódios.
Quase 20 mil pessoas foram detidas em toda a Rússia em vários protestos e manifestações anti-guerra desde que Putin ordenou que os militares invadissem a Ucrânia, há pouco mais de dois anos, segundo o OVD-Info , um grupo independente de direitos humanos.
Detenções e guerra
As eleições também vêm sendo marcadas por operações na Guerra da Ucrânia. Ao menos 16 pessoas morreram em ataques com mísseis de cruzeiro Kh-59 russos em Odessa, principal porto ucraniano, no sul do país invadido há dois anos. Ficaram feridas 70 pessoas, muitas em estado grave.
Houve ataques com drones, 27 dos quais a Ucrânia disse ter derrubado, em diversas partes do país. Em Zaporíjia, no sul, uma mulher de 76 anos foi morta durante um bombardeio com mísseis balísticos.
Kiev também atacou, tentando elevar a tensão causada por suas ações contra refinarias russas nesta semana em que o presidente Vladimir Putin será reconduzido a mais seis anos no poder. Um alvo foi uma pequena unidade de processamento de óleo em Kaluga (180 km a sudoeste de Moscou), mas sem grandes consequências.
Outro ponto de ataque pelas forças da Ucrânia, que dizem apenas apoiar rebeldes anti-Putin, foi a região de Belgorodo, que já havia experimentado incursões nesta semana.
Mais uma ação ucraniana foi rechaçada pelos russos, desta vez com o emprego de helicópteros para desembarcar tropas no sul russo. A versão é do Ministério da Defesa da Rússia, corroborada por um analista militar em Moscou.
Além disso, foram lançados sete mísseis balísticos contra a cidade, provavelmente do limite de suas fronteiras.
O Kremlin diz que o objetivo dos ataques é atrapalhar o pleito, e o governador local teve de ir à TV para negar rumores de que a eleição seria suspensa. Vídeos em redes sociais mostraram uma explosão ocorrendo próxima de uma seção eleitoral, sem comprovação independente.
O porta-voz de Putin, Dmitri Peskov, também comentou a sugestão feita na véspera pelo presidente francês, Emmanuel Macron, de que não haveria linhas vermelhas que o impeçam de enviar tropas para ajudar a Ucrânia em sua guerra contra a invasão russa. (Com informações de Igor Gielow/Folhapress)