O dirigente venezuelano Manuel Rosales, antigo adversário do falecido Hugo Chávez, negou, nesta quarta-feira (27), que sua candidatura presidencial tenha sido pactuada com o governo de Nicolás Maduro, depois que a oposição denunciou travas para inscrever outra candidata.

"Desataram uma guerra contra mim pelas redes, estão gastando milhões de dólares inventando, caluniando, difamando, que eu sou o candidato de Maduro, que negociei com Maduro", disse Rosales durante um evento em Maracaibo, capital do estado de Zulia (oeste), onde ele voltou a ser eleito governador em 2021.

Rosales, candidato presidencial em 2006, anunciou ontem que inscreveu sua candidatura perto da meia-noite de 25 de março, quando vencia o prazo para registrar candidaturas ao pleito previsto para 28 de julho e nos quais Maduro tentará um terceiro mandato.

O dirigente de 71 anos se inscreveu de última hora com seu partido Um Novo Tempo (UNT), depois que o acesso à plataforma automatizada foi bloqueado para a professora universitária Corina Yoris, indicada por María Corina Machado, ganhadora das prévias realizadas em outubro do ano passado e que não pôde participar por causa de uma inabilitação imposta pela Controladoria, de linha governista.

A Plataforma Unitária Democrática (PUD) acabou inscrevendo "provisoriamente" na terça-feira Edmundo González Urrutia, até que seja definido o candidato único.

"Busquem uma negociação, busquem um candidato ou uma candidata que supere as barreiras e obstáculos do governo. Busquem-no, e eu entrego a candidatura a quem quiser, mas não difamem, não façam uma guerra suja contra o povo da Venezuela, não deixem o povo da Venezuela sem saída", defendeu-se.

"Tive que tomar uma decisão e tomei, era um gesto de responsabilidade: ou deixava o barco à deriva e permitia mais seis anos de Maduro, ou diria à Venezuela que vamos retirar Maduro em 28 de julho pelo voto", garantiu o político a centenas de seguidores.

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) não se pronunciou sobre o bloqueio denunciado pela PUD.

No total, 13 nomes foram apresentados, incluindo opositores, Maduro, um ex-dirigente eleitoral e nove lideranças que se apresentam como antichavistas, mas que são tachadas pela oposição tradicional de "alacranes [escorpiões em português]", termo usado para apontar "colaboracionistas" da situação.

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