O ex-presidente Jair Bolsonaro, investigado por uma suposta trama golpista, solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a devolução temporária de seu passaporte para que ele visite Israel, atendendo a um convite do primeiro-ministro desse país, Benjamin Netanyahu, informou seu advogado nesta quinta-feira (28).
A defesa de Bolsonaro solicitou autorização para viajar e a devolução do documento, "ainda que por prazo determinado", em vista do convite oficial para visitar Israel entre 12 e 18 de maio junto com sua família, escreveu o advogado Fabio Wajngarten na rede social X.
Os advogados fizeram o pedido por meio de uma carta enviada ao ministro do STF Alexandre de Moraes, encarregado da investigação que aponta Bolsonaro como suspeito de planejar um golpe de Estado que visava impedir que Luiz Inácio Lula da Silva assumisse a Presidência em janeiro de 2023.
No contexto dessa investigação, a Polícia Federal (PF) confiscou seu passaporte em 8 de fevereiro.
A defesa de Bolsonaro, que nega as acusações e o declara vítima de uma perseguição, afirmou que a viagem não acarreta nenhum risco ao processo.
“Faz parte da atividade política o relacionamento internacional, bem como ampliar o diálogo com lideranças globais”, escreveu Wajngarten.
A solicitação para sair do país ocorre em um momento em que Bolsonaro, impedido de se candidatar a cargos públicos, está sob escrutínio da Justiça em vários casos, o que faz seus críticos considerarem haver um risco de fuga.
Na segunda-feira, o jornal americano The New York Times publicou uma informação segundo a qual o ex-presidente teria se “escondido na embaixada húngara” em Brasília dias após seu passaporte ser confiscado.
Seus advogados negaram que ele estivesse tentando fugir da Justiça e disseram que a estadia de "dois dias" tinha como objetivo "manter contatos com autoridades do país amigo", chefiado pelo presidente de extrema direita Viktor Orban.
Aliado próximo de Netanyahu, o ex-presidente Bolsonaro (2019-2022) foi convidado pelo premiê israelense em 26 de fevereiro, dias após o início de uma crise diplomática entre Israel e Brasil.
As relações se deterioraram após Lula comparar os ataques israelenses na Faixa de Gaza ao Holocausto.
Após essas declarações, Israel declarou Lula "persona non grata" e convocou o embaixador brasileiro em Tel Aviv. O Brasil, por sua vez, chamou o seu para consultas e convocou o representante israelense em Brasília.
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