A Turquia vota neste domingo (31) em eleições municipais que são consideradas um teste para o governo do presidente Recep Tayyip Erdogan, que almeja tirar a oposição do comando da prefeitura de Istambul.

A campanha não provocou muito entusiasmo no país, de 85 milhões de habitantes, onde a classe média sofre os efeitos da crise econômica.

Porém, o presidente Erdogan, 70 anos, se esforçou para promover os candidatos de seu partido, o AKP (conservador islâmico).

O chefe de Estado chegou a participar de quatro comícios por dia e compartilhou todas as noites o 'iftar', o jantar para quebrar o jejum do Ramadã.

- A batalha de Istambul -

Erdogan se dedicou em particular à campanha em Istambul, ao lado de seu candidato a prefeito, Murat Kurum, ex-ministro pouco carismático que utiliza a imagem do presidente em seus cartazes eleitorais.

O presidente quer a revanche das municipais de 2019 e derrotar o atual prefeito Ekrem Immoglu, nome importante da oposição que venceu a disputa na principal e mais rica cidade do país há cinco anos e que, em caso de reeleição, ganharia muito peso para as eleições presidenciais de 2028.

No sábado, Erdogan participou de três comícios em Istambul, a antiga Constantinopla, a "joia" e "tesouro nacional", onde foi prefeito nos anos 1990.

Ele retratou Imamoglu como ambicioso e pouco preocupado com a cidade. Também o chamou de "prefeito de tempo parcial" obcecado pela presidência.

Na província de maioria curda de Diyarbakir, sudeste do país, foram registrados confrontos à margem das eleições neste domingo: uma pessoa morreu e 12 ficaram feridas, segundo as autoridades locais.

- Oposição dispersa -

As pesquisas mais recentes ainda apontavam uma vantagem do atual prefeito de Istambul, mas as pesquisas projetaram a derrota do chefe de Estado nas eleições presidenciais de maio de 2023, nas quais foi reeleito com 52% dos votos.

Desta vez, ao contrário de 2019, a oposição entrou dispersa nas eleições. O partido CHP (social-democrata), a principal legenda opositora, não conseguiu o consenso para o nome de Imamoglu em Istambul, nem em outras regiões do país. 

O CHP espera prosseguir com o comando das prefeituras de Izmir, na região oeste, assim como na capital Ancara.

Em um país com inflação oficial de 67% em 12 meses e uma desvalorização expressiva de sua moeda (de 19 a 31 liras turcas por dólar em um ano), os eleitores podem expressar apoio aos opositores do chefe de Estado. 

Para os analistas, o nível de participação, tradicionalmente elevado, será uma indicação do apoio ao governo. 

O mesmo acontecerá em Istambul caso os eleitores compareçam em menor número para apoiar Imamoglu.

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