Os solicitantes de asilo na Itália enfrentam "graves violações de seus direitos fundamentais", passando até oito meses de incerteza devido às discriminações no tratamento de seus pedidos, alertou nesta quinta-feira (4) uma ONG.

Os migrantes têm que esperar por "vários dias, às vezes sem água, sem comida ou sem roupas para trocar" em frente aos centros de tratamento administrativo, muitas vezes sem conseguir obter uma consulta, explicou o Comitê Internacional de Resgate (IRC, na sigla em inglês).

A organização relatou dezenas de pessoas cobertas com cobertores e sacos de lixo na frente da sede da polícia em Roma, e centenas vivendo em "condições desumanas" em alguns armazéns abandonados em Trieste, no nordeste.

Segundo o IRC, a política de extrema direita do governo de Giorgia Meloni penaliza o sistema de acolhimento ao concentrar seus esforços na prevenção de chegadas à Itália, a primeira etapa europeia dos migrantes que cruzam o Mediterrâneo vindos do norte da África.

O relatório levanta novas dúvidas sobre o polêmico acordo pelo qual a Itália considera construir dois centros para migrantes na Albânia, com capacidade de acolhimento de 3.000 pessoas.

"Muitas pessoas na Itália estão bloqueadas em um vácuo jurídico, sem documentos apropriados, sem trabalho ou alojamento, em um estado de incerteza que pode durar até oito meses", destaca o documento.

Em 2022, último ano em que foram disponibilizados dados, as autoridades italianas examinaram 58.478 pedidos de asilo, alguns dos quais foram apresentados nos anos anteriores. Outros 51.601 ainda estavam pendentes no final do ano.

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