A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, e o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, expressaram neste domingo (7) seu desejo de fortalecer o diálogo, apesar das diferenças entre as duas potências, que estão em desacordo em questões econômicas e diplomáticas.
As relações entre os EUA e a China só podem progredir por meio do diálogo, disse Janet Yellen ao seu interlocutor.
"Só poderemos progredir se nos comunicarmos direta e abertamente um com o outro", insistiu ela durante uma reunião no solene Palácio do Povo.
"Isso não significa ignorar nossas diferenças ou evitar conversas difíceis", disse Yellen, embora a China e os EUA estejam em desacordo em várias questões.
Li respondeu que "a China espera sinceramente que os dois países sejam parceiros, não rivais" e observou que os internautas chineses têm acompanhado de perto a visita de Yellen desde que ela chegou a Guangzhou nesta semana, onde também se reuniu com o vice-primeiro-ministro He Lifeng.
Os dois países concordaram em discutir o crescimento equilibrado e abordaram as preocupações dos EUA sobre o apoio do governo chinês às suas indústrias, o que permite que elas aumentem a produção e inundem o mercado de exportação, causando a queda dos preços internacionais.
Washington está particularmente preocupado com esse fenômeno, chamado de excesso de capacidade, em novos setores, como carros elétricos e energia solar.
A viagem de Yellen é sua segunda visita à China em menos de um ano.
"Embora tenhamos muito a fazer, acho que no último ano estabilizamos ainda mais nosso relacionamento bilateral", disse a secretária ao iniciar os dois dias de discussões com Li.
Isso significa "entender que só podemos avançar se nos comunicarmos direta e abertamente", acrescentou Yellen.
- Tensões -
Yellen disse que ambos os países têm o dever de "gerenciar de forma responsável nosso complexo relacionamento" e demonstrar liderança no enfrentamento dos desafios globais.
No sábado, ela anunciou que os EUA e a China iniciarão conversas no âmbito de um grupo de trabalho existente sobre cooperação contra a lavagem de dinheiro para reduzir o financiamento do narcotráfico.
Washington busca o apoio de Pequim para conter os suprimentos para a produção de fentanil, o analgésico sintético que provocou uma epidemia nos Estados Unidos.
Apesar do tom positivo da visita, a agência de notícias estatal chinesa Xinhua alertou em um comentário sobre o "espectro do protecionismo" nos Estados Unidos.
Ela criticou as tarifas dos EUA sobre as importações chinesas e acusou Washington de "suprimir" o setor de veículos elétricos da China.
Outro meio de comunicação estatal, o Global Times, criticou em um editorial "ações negativas em relação à China", em uma referência às restrições comerciais e tecnológicas dos EUA e "uma lista crescente de sanções contra empresas chinesas".
- Possíveis avanços -
No entanto, o analista Ryan Hass, da Brookings Institution, disse à AFP que "a visita de Yellen abriu espaço para testar a possibilidade de avançar".
Ele acrescentou que a visita "evidenciou que os chineses reconhecem a necessidade de lidar com o excesso de capacidade e estão prontos para explorar a cooperação em relação à lavagem de dinheiro".
Mas só o tempo dirá se esses esforços darão frutos, completou.
Em suas reuniões com o vice-primeiro-ministro He, Yellen alertou as empresas chinesas para que não apoiem a guerra da Rússia na Ucrânia, sob o risco de enfrentarem "consequências significativas".
A secretária do Tesouro americano também se reunirá com o prefeito de Pequim, Yin Yong, e com o ministro da Fazenda, Lan Fo'an, no domingo.
Na segunda-feira, ela deve conversar com o ex-vice-premiê Liu He e com o governador do banco central, Pan Gongsheng.
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