Várias explosões abalaram nesta sexta-feria (19) a região central do Irã, no que fontes de alto escalão do governo dos Estados Unidos apresentaram como um ataque israelense em represália contra os drones e mísseis disparados por Teerã contra Israel no sábado passado.
A agência de notícias iraniana Fars relatou "três explosões" perto da base militar de Shekari, do aeroporto de Isfahan e da cidade de Qahjavarestan, no centro do país.
A defesa aérea derrubou vários drones, mas não detectou "até o momento" um ataque com mísseis, afirmou um porta-voz da agência espacial do Irã.
A agência de notícias Tasnim, que citou "fontes bem informadas", negou por sua vez que o país tenha sofrido um ataque "a partir do exterior".
A ação ocorre em um momento de agravamento das tensões entre Irã e Israel, que prometeu responder ao ataque de Teerã contra seu território, e que tem como pano de fundo a guerra em Gaza.
A imprensa americana, como o canal CNN, que citou fontes de alto escalão de Washington, informou que Israel executou um ataque contra o território iraniano e que avisou o governo dos Estados Unidos com antecedência. As explosões, afirmaram as fontes, respondem ao ataque iraniano contra o território israelense na semana passada.
As autoridades israelenses, assim como as iranianas, não reagiram ao ataque até o momento.
Após relatos das explosões, o ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, que preside uma reunião com seus homólogos do G7 na ilha de Capri, pediu uma "desescalada".
"O G7 quer uma desescalada total em uma região sob grande tensão", declarou diante dos chefes da diplomacia dos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Alemanha e Japão.
A ministra canadense das Relações Exteriores, Mélanie Joly, confirmou que o tema será abordado na reunião do G7.
Omã, que durante muito tempo atuou como mediador entre o Irã e as potências ocidentais, condenou o "ataque israelense" contra a República Islâmica, e "as repetidas agressões militares de Israel na região", segundo um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país do Golfo.
- "Nenhum dano" às instalações nucleares -
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) informou que as instalações nucleares iranianas não sofreram danos. Também alertou, na rede social X, que "nenhuma instalação nuclear deve ser alvo de conflitos militares".
As instalações nucleares iranianas estão localizadas no centro do país, em Isfahan, Natanz e Fordo, assim como na cidade portuária de Bushehr.
Segundo o jornal americano New York Times, que citou fontes iranianas, o ataque foi executado com drones pequenos que, possivelmente, foram lançados a partir do território iraniano.
O Washington Post, por sua vez, citou uma fonte do governo israelense que afirmou, sob a condição de anonimato, que o ataque foi uma resposta à agressão do fim de semana e procurou mostrar que Israel tem a capacidade de atingir o interior do país.
O ministro israelense da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, foi acusado de atribuir implicitamente a Israel as explosões registradas no Irã.
As acusações surgiram depois que o ministro de extrema-direita publicou a mensagem "Dardaleh!" na rede social X, uma palavra coloquial hebraica comparável a "fraco", implicando que Israel estava por trás das explosões, mas que a ação não foi suficientemente forte.
As cotações do petróleo subiram imediatamente após as explosões, mas estabilizaram pouco depois. Às 8H45 GMT (5H45 de Brasília), o preço do barril do tipo Brent avançava 0,06%, a 87,16 dólares. Seu equivalente americano, o barril West Texas Intermediate (WTI), subia 0,22%, a 82,91 dólares.
- Temor de expansão regional -
O Exército israelense anunciou que ativou as sirenes antiaéreas no norte do país, na fronteira com o Líbano, cenário frequente de trocas de tiros entre suas tropas e o movimento Hezbollah, aliado do Irã.
De modo paralelo, várias fontes relataram explosões no sul da Síria, país aliado de Teerã que também é alvo frequente de ataques israelenses.
As ações bélicas acontecem em um contexto de temor de uma expansão regional da guerra entre Israel e o movimento islamista Hamas, aliado de Teerã, na Faixa de Gaza.
O Irã executou no sábado seu primeiro ataque direto contra Israel, com o lançamento de mais de 350 drones e mísseis que foram quase totalmente interceptados.
As autoridades iranianas afirmaram que agiram em "legítima defesa" após o bombardeio contra seu consulado em Damasco, em 1º de abril, que atribuem a Israel e no qual morreram sete membros da Guarda Revolucionária.
O conflito em Gaza começou com o ataque do Hamas ao sul de Israel no dia 7 de outubro, quando os milicianos islamistas assassinaram 1.170 personas e sequestraram 250, segundo um balanço da AFP baseado em dados divulgados pelas autoridades israelenses.
Em resposta, Israel iniciou uma ofensiva aérea e terrestre em Gaza, que matou mais de 33.900 pessoas até o momento, segundo o Ministério da Saúde do movimento islamista, que governa o território palestino.
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