Uma fotografia que mostra um comboio militar em uma rua não corresponde a caminhões iranianos cruzando a fronteira do Iraque para a Síria em abril de 2024, ao contrário do que afirmam publicações que acumulam milhares de visualizações nas redes sociais desde 4 de abril. O conteúdo circula após o bombardeio à embaixada do Irã na Síria no dia 1º deste mês, atribuído a Israel por esses dois países. O registro foi feito em 2019 durante a celebração anual do Dia do Exército do Irã, em Teerã, capital do país.
“Caminhões iranianos cruzam a fronteira do Iraque para a Síria carregando vários tipos de armas”, diz a legenda de publicações noFacebook, noTelegrame noX.
O conteúdo também circula emespanhol.
Em 1º de abril, umbombardeioao prédio da embaixada iraniana em Damasco, na Síria, matou pelo menos16 pessoas, incluindo sete membros da Guarda Revolucionária, o exército ideológico da República Islâmica. O ataque foi atribuído pelo Irã e pela Síria a Israel, que se limitou a declarar que“não comenta informações da imprensa estrangeira”.
O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, prometeuretaliação, aumentando a preocupação com um conflito regional à medida que a guerra contra o grupo militante palestino Hamas continua devastando a Faixa de Gaza.
Na madrugada de 13 de abril, a Guarda Revolucionárialançouum ataque com drones e mísseis contra Israel. De acordo com o departamento de relações públicas do grupo armado, a ação foi“em resposta aos vários crimes cometidos pelo regime sionista, incluindo o ataque à seção consular da embaixada”.
Foto de 2019
Uma busca reversa pela imagem no Google levou a umregistroda Agência Europeia de Imprensa (EPA, na sigla em inglês), publicado em 18 de abril de 2019, com a mesma fotografia compartilhada nas redes sociais em 2024.
De acordo com a descrição, a imagem foi capturada durante as“celebrações do Dia Nacional do Exército em Teerã”pelo fotógrafo Abedin Taherkenareh.
O texto ainda informa que a imagem foi tirada em meio às crescentes tensões entre o Irã e os Estados Unidos, após o país norte-americanodesignara Guarda Revolucionária como umgrupo terrorista.
À época, o evento também foi noticiado pela imprensa (1,2,3).
A AFP publicou uma imagem semelhante do evento na mesma data.
Referência
Foto de 18 de abril de 2019 publicada pela Agência Europeia de Imprensa